Fatores associados ao uso de antiinflamatórios não esteroidais em população de funcionários de uma universidade do Rio de Janeiro
Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader: Rozenfeld, Suely
O trabalho utilizou dados do I Censo Saúde de uma universidade do Rio de Janeiro (Estudo Pró-Saúde), no qual foram aplicados questionários auto-preenchíveis, no segundo semestre de 1999, com 4030 funcionários técnico-administrativos. Nesse estudo os AINE apareceram entre os principais produtos consumidos por esta população com uma prevalência de 7 por cento. O diclofenaco foi o fármaco mais referido, com cerca de 60 por cento do total, seguido do ácido mefenâmico (11,4 por cento), piroxicam (6,1 por cento) e nimesulida (5,7 por cento).Verificou-se que as mulheres têm maior chance de serem usuárias (OR=2,11; IC95 por cento: 1,59-2,79). Os dados foram submetidos à análise multivariada, tendo sido propostos modelos logísticos por sexo. Após ajuste pelas covariáveis estudadas, a carga horária trabalhada na semana foi um importante preditor do uso de AINE tanto para homens quanto para mulheres (OR=1,03; IC95 por cento: 1,01-1,04). Dor e artrose também se mostraram relevantes, com OR=2,89 (IC95 por cento: 1,77-4,71) e OR=2,29 (IC95 por cento: 1,10-4,75), respectivamente, para os homens; e OR=2,65 (IC95 por cento: 1,89-3,70) e OR=2,00 (IC95 por cento: 1,37-2,93), respectivamente, para as mulheres. Para os homens, a hérnia de disco foi ainda outro preditor (OR=2,27; IC95 por cento: 0,93-5,54), enquanto que para as mulheres, LER (OR=1,64; IC95 por cento: 1,15-2,35); cálculos vesical (OR=1,85; IC95 por cento: 1,00-3,45) e renal (OR=1,81; IC95 por cento: 1,12-2,91) foram identificados como preditores através da regressão. Segundo o perfil de utilização dos AINE, as mulheres e os indivíduos com maior carga horária de trabalho semanal constituem grupos mais vulneráveis, em termos de uso irracional e, portanto, mais sujeitos a programas de intervenção. Os resultados apontam para a importância das condições de trabalho no processo de desencadeamento de doenças.