Mulheres negras e näo negras vivendo com HIV/AIDS no estado de Säo Paulo: um estudo sobre suas vulnerabilidades

Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de Säo Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Epidemiologia to obtain the academic title of Mestre. Leader:

Objetivo. O estudo buscou compreender a vulnerabilidade de mulheres negras e näo negras que vivem com HIV/AIDS à reinfecçäo e ao adoecimento, em três serviços públicos de referência para o tratamento de DST/AIDS do estado de Säo Paulo. Métodos. As mulheres souberam da pesquisa após contato com a equipe de recepçäo das instituiçöes, na sala de espera, e aquelas que aceitaram participar assinaram o termo de consentimento pós-informado. As entrevistas realizaram-se em ambiente privado e foram conduzidas por profissionais do sexo feminino, de nível superior, com o auxílio de um questionário semi-estruturado que possibilitava à entrevistada falar sobre suas experiências e impressöes em diferentes momentos da vida, especialmente depois da revelaçäo do diagnóstico de soropositividade para o HIV. Na análise estatística utilizou-se o teste qui-quadrado Pearson e intervalos de confiança de 95 por cento. Para estudar a interaçäo entre as variáveis utilizou-se o modelo loglinear CHAIS (Chi-squared Automatic Interaction Detector).

Os programas de análise estatística utilizados foram:

EpiInfo versäo 6.04, SPSS versäo 8.0 and Answer Tree versäo 3.0. Resultados. Condiçöes de ordem social e fatores de ordem cognitiva contribuíram mais fortemente para a vulnerabilidade individual de mulheres negras. Os achados permitiram identificar que as mulheres negras estavam menos conscientes sobre o problema e sobre as formas de enfrentá-lo, encontrando, na maioria das situaçöes, menores possibilidades de transformar suas condutas. Do ponto de vista subjetivo, a qualidade do aconselhamento anterior e posterior ao teste, a piora da vida sexual após o diagnóstico e a dificuldade em falar sobre o assunto com os profissionais mais diretamente envolvidos no cuidado, como é o caso dos médicos infectologista e ginecologista, também influenciaram os processos de vulnerabilizaçäo. As mulheres näo negras apresentam-se mais atentas em avaliar as situaçöes inadequadas ocorridas em serviços de saúde. Conclusöes. Ao incorporar a raça como categoria analítica foi possível compreender melhor a multidimensionalidade, a instabilidade e a assimetria da vulnerabilidade. As experiências e as impressöes descritas pelas mulheres estudadas apontam a necessidade de reconhecimento das diferenças e de suas especificidades e a necessidade de ampliaçäo do repertório de direitos que as mulheres dominam para que elas próprias cooperem na reduçäo ou superaçäo de suas vulnerabilidades

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