Partenogênese: os efeitos da exclusão do pai no desenvolvimento da personalidade e na dinâmica familiar

Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social to obtain the academic title of Doutor. Leader:

A família é o lugar da construção da identidade pessoal do sujeito e o principal agente de socialização da criança. As configurações familiares estão mudando rapidamente na sociedade ocidental contemporânea. Os novos padrões familiares geram novas relações entre homens e mulheres, e entre estes e seus filhos. Há um aumento do número de crianças que crescem com pouco ou nenhum contato com seu pai, e o conseqüente acúmulo de poderes da mãe sobre a educação dos filhos. O objetivo deste trabalho é investigar a repercussão do afastamento ou da exclusão do pai no desenvolvimento da personalidade do sujeito e na estrutura familiar. Pais e filhos são considerados como partes de um sistema social complexo, a família, na qual cada membro afeta todos os outros recíproca, direta e indiretamente. Por sua vez, a família está inserida em outros sistemas sociais, dos quais faz parte, os quais influencia e pelos quais é influenciada. Para cumprir esse objetivo, realizou-se um percurso pelas diversas construções sociais do papel do pai ao longo da história, considerando-se a influência dos contextos culturais na prática da paternidade. Em seguida, investigou-se como algumas perspectivas teóricas interpretam a importância do papel do pai e os efeitos de sua ausência no desenvolvimento emocional da criança e na estrutura familiar. As implicações da ausência do pai são analisadas através da narrativa de casos atendidos na clínica de terapia de família, bem como de histórias individuais e familiares obtidas em entrevistas, as quais expressam a complexidade das dinâmicas e dos afetos envolvidos no afastamento do pai. O afastamento, definitivo ou temporário, do pai pode provocar o surgimento de padrões de interação disfuncionais na família, os quais geram graves dificuldades no processo de separação da mãe e conquista de autonomia. Tais padrões de interação, firmados sobre um excesso de proximidade, produzem tensões no sistema familiar, passíveis de provocar sintomas graves em alguns de seus membros. Há também o risco da formação de uma auto-imagem inadequada, tanto para os meninos quanto para as meninas. A quebra do vínculo afetivo com o pai suscita sentimentos de abandono, rejeição e culpa, colocando em risco a formação de novos vínculos, comprometendo futuras relações, contaminadas pela insegurança. O estudo mostra que o papel do pai na família contemporânea está sob tensão...

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