Estudo imunomolecular dos linfomas não hodgkin de origem B na infância: correlação clínica e terapêutica

Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Rumjanek, Franklin David

A proteína p53 desempenha um papel central nas respostas celulares dentre as quais se incluem o controle do ciclo e da morte celular induzida por dano ao DNA, como aquele causado por muitos agentes quimioterápicos e radiação utilizados no tratamento do câncer. O propósito deste estudo foi descrever as funções biológicas da proteína p53 e investigar o seu papel nos linfomas não Hodgkin de origem B da infância. Adicionalmente, nós também estudamos os tipos histológicos e a prevalência da infecção pelo vírus Epstein-Barr e sua correlação com os achados clínicos patológicos. Uma série de crianças com linfoma não Hodgkin B foi estudada com relação aos subtipos histológicos, características clínicas, mutações do gene TP53 e expressão das proteínas p53, Ki-67 e mdm2. A detecção de mutações do gene TP53 foi realizada através da técnica de PCR-SSCP dos exons 5-8/9 e seqüenciamento direto em 49 do total de 61 pacientes da série. As mutações do gene TP53 foram detectadas em 22.5por cento dos pacientes analisados, em 20por cento dos pacientes com linfoma de Burkitt. A análise das seqüências destes casos mostrou a presença de mutações do tipo pontual em 10 casos e uma inserção em um caso. A expressão da proteína p53 por imunohistoquímica foi realizada em 48 do total de 61 pacientes com resultados positivos em 31por cento dos casos. A proteína mdm2 foi negativa em todos os casos testados (42casos), incluindo aqueles com mutação do gene TP53. Observou-se uma alta concordância entre a expressão da p53 e a presença de mutações (p=0.0005). Não foi detectada uma correlação estatisticamente significante entre mutações e os achados clínicos. A comparação da sobrevida livre de eventos entre os grupos com e sem mutação usando o teste de Long-Rank também não foi significante. O virus EBV foi analisado por hibridização in situ e estava associado ao LB em 72por cento dos tumores(21/29 pacientes). O tipo 1 infectou a maioria dos casos(28/29). Houve uma tendência de associação entre idade mais baixa e os casos de linfoma de Burkitt associados ao EBV (mediana de 4 anos comparada a 6 anos, respectivamente, p=0.057). Também o nosso estudo sugeriu que na região sudeste do Brasil o LB tem uma associação intermediária com o EBV. Em conclusão, este estudo permitiu contribuir para uma melhor caracterização imunofenotípica e molecular dos linfomas não Hodgkin B da infância no Brasil.

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