Estudos sobre componentes da fase aguda da infecção experimental por Trypanosoma cruzi: invasão parasita-célula hospedeira e inibidores de protease da família das Alfa-Macroglobulinas

Publication year: 1999
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Jorge, Tania Cremonini de Araújo

O Trypanosoma cruzi é o agente etiológico da doença de Chagas, uma importante parasitose em diversos países da América Latina. O coração é um dos principais órgãos afetados, nas fases aguda e crônica. No primeiro bloco de nosso trabalho analisamos a expressão de um receptor para resíduos de manose/fucose em cardiomiócitos, antes e durante a sua infecção in vitro pelo parasita. Nesse estudos aplicamos um sistema rápido de quantificação da carga parasitária de culturas de células infectadas pelo T. cruzi, por meio de um ensaio Elisa, previamente padronizado nesta tese para essa finalidade... No segundo bloco, estudamos a expressão in vivo dos mensageiros para duas proteínas da família das alfa-macroglobulinas e do seu sistema receptor, e sua atividade antes e após a infecção, correlacionado-os com alguns parâmetros parasitológicos e histopatológicos.

Analisamos comparativamente duas linhagens isogênicas de camundongos:

C3H e C57BL/6 que, infectados com 104 parasitas da cepa Y, apresentaram parasitemia e mortalidade semelhantes. Observamos que a transcrição e síntese de alfa-macroglobulina apresenta níveis basais maiores em animais C3H que em B6, que são ainda mais acentuados durante a infecção pelo T. cruzi. Verificamos também que baixos níveis de A2M se associam a maiores e mais rápidos níveis de parasitismo no coração. Além disso, observamos que animais B6 não infectados apresentam uma maior transcrição e expressão de A2MR/LRP que animais C3H, o que é sugestivo de um melhor sistema de ôclearanceö de AM nos animais B6, em relação aos animais da linhagem C3H. Durante a infecção pelo T. cruzi observamos diferenças na transcrição e expressão de A2MR/LRP no fígado e no coração de animais B6 e C3H, possivelmente em razão de diferenças na natureza e concentração de citocinas; a hipótese de que a disponibilidade de TNF-gama e TGF-B possa ser regulada pela diferente expressão de AM nestes animais ainda precisa ser investigada. Embora o conjunto de resultados nos sugiram que a A2M pode realmente ser um modulador da invasão celular, em especial no coração, esse papel não é decisivo para o prognóstico de sobrevida do animal infectado. Isso provavelmente será influenciado mais pelo balanço de citocinas pró-inflamatórias (TNF-gama e TGF-B) e imunes (IFN-gama), as quais em concentrações adequadas e controladas concorreriam para a resistência do animal na fase aguda, associada ou não ao desenvolvimento de patologia na fase crônica.

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