Estudo ultra-estrutural do Trypanosoma rangeli (Tejera, 1920) e da sua interação com as glândulas salivares de triatomíneos

Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Soares, Maurilio José

Esta tese visou o estudo ultra-estrutural do Trypanosoma rangeli, das glândulas salivares dos insetos vetores Triatoma infestans e Rhodnius domesticus, bem como da interação do parasita com estas glândulas, a fim de se compreender melhor o ciclo evolutivo do T. rangeli no inseto vetor. Nossos resultados mostraram semelhanças morfológicas do cinetoplasto entre as formas evolutivas de T. rangeli. Nas formas epimastigotas, tanto em cultura quanto nas glândulas infectadas, o cinetoplasto apresenta-se com a mesma morfologia, em forma de bastão. Nas formas tripomastigotas que se encontram infectando as glândulas salivares, o cinetoplasto também se apresenta na forma condensada, em bastão, não sendo possível a distinção destas duas formas evolutivas por este critério... As unidades glandulares são revestidas por uma lâmina basal, onde se encontram células musculares e traquéias. Logo abaixo está uma monocamada de células epiteliais glandulares que apresentam microvilosidades e vesículas de secreção que se direcionam para o lúmen da glândula. Rhodnius domesticus apresenta uma glândula principal com células de densidades diferentes (sugerindo funções distintas na mesma unidade glandular) e uma glândula menor acessória que também possui células secretoras.

Em Triatoma infestans cada par de glândulas salivares é composto por 3 unidades:

uma glândula principal (D1), uma suplementar (D2) e uma acessória (D3). Estas unidades têm a mesma morfologia, como descrito acima. Citoquímica ultra-estrutural permitiu detectar perfis de retículo endoplasmático e de lipídeos em maior quantidade nas unidades D1 e D2 em relação à unidade D3, sugerindo uma função de secreção de componentes salivares em maior quantidade nas duas primeiras unidades. Nossos dados de interação T. rangeli x R. domesticus demonstraram formas epimastigotas penetrando nas glândulas salivares através da lâmina basal e atravessando o epitélio glandular, livres no citoplasma e sem causar dano aparente às células. No lúmen da glândula, estas formas permanecem aderidas às microvilosidades das células glandulares. Formas tripomastigotas são observadas livres no lúmen da glândula, após o processo de metaciclogênese. Além disso, foi evidenciada nos parasitas a presença de uma molécula semelhante à perforina (rangelisina), à qual sugerimos uma função nos processos de penetração e invasão dos epitélios do inseto vetor, através da formação de poros.

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