Este trabalho propõe-se a compreender a percepçäo dos trabalhadores sobre o desemprego e a estruturaçäo do trabalho cooperativado. Utilizando a metodologia de histórias de vida, baseia-se em entrevistas com parte dos trabalhadores reunidos em cooperativa de catadores de material reciclavel. Na análise dos depoimentos, chega-se a algumas conclusões gerais que representam um misto das identidades da condiçäo de cooperados, de catadores e da condiçäo de trabalhadores de carteira assinada.

Essas percepções podem ser agrupadas em dois conjuntos:

no primeiro, evoluem para uma elaboraçäo do trabalho em cooperativa, nos momentos em que o trabalho cooperativado mantêm-se mais estruturado, com a relativa garantia de uma remuneraçäo básica, uma certa estabilidade no trabalho e ambiente harmônico; no segundo, as percepções tendem para o desligamento da cooperativa quando o trabalho cooperativo está mais desestruturado, com instabilidade de remuneraçäo, ameaça à continuidade do trabalho e falta de harmonia no ambiente. Porém, a expectativa positiva em relaçäo ao trabalho cooperativado é muito presente, mesmo nas pessoas tendendo ao desligamento, sendo o trabalho em cooperativa valorizado pela "ausência do paträo", pela qualidade no relacionamento, pela qualidade na relaçäo com o trabalho e pela valorizaçäo da cidadania. Esta expectativa é fortemente positiva, aparecendo pouquíssimas queixas, que só podem ser percebidas em uma análise mais cuidadosa de suas falas.