Mulher, menopausa e climatério: uma análise do discurso em periódicos de medicina
Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social to obtain the academic title of Mestre. Leader:
Este trabalho se propõe a realizar uma análise do discurso da biomedicina sobre a mulher no período do climatério a partir de pesquisa em periódicos de medicina, tomando como referência a produção sócio-antropológica sobre gênero, corpo, envelhecimento, perturbações mentais e menopausa. Na sociedade ocidental moderna pode ser identificada uma crescente tendência na busca por explicações calcadas na biologia (como as trocas neuroquímicas e as taxas hormonais) para o sofrimento humano, em detrimento das influências dos contextos histórico, social e pessoal de cada sujeito. Tais explicações abarcam não apenas o adoecimento físico e psíquico, mas muitas vezes o próprio cotidiano do ser humano. A pesquisa nos periódicos revelou uma imagem da mulher bastante frágil e vulnerável no climatério, sujeita não somente a uma sintomatologia típica desta fase (fogachos, insônia, ansiedade e depressão), como também a graves patologias. A definição cada vez mais freqüente da mulher a partir de suas taxas hormonais vem sendo reforçada no discurso biomédico através da indicação da TRH (terapia de reposição hormonal) para tratar a sintomatologia física e psíquica que acompanha este período, assim como para a prevenção de osteoporose, problemas urinários e cardiovasculares. Encontraram-se algumas posições mais relativizadoras mesmo dentro da área médica. No entanto, o discurso da biomedicina ainda se apresenta hegemônico e encompassador, sendo que no caso da mulher no climatério as taxas hormonais é que em última instância irão definir como esta irá responder às modificações de seu cotidiano.