O presente estudo tem por objetivo caracterizar a evolução da série histórica quanto ao tipo de parto, no período de 1960 a 2001, em três maternidades conveniadas ao SUS de Juiz de Fora. A implantação do Sistema de Nascidos Vivos - SINASC em 1994, no município de Juiz de Fora propiciou maior visibilidade à questão da assistência ao parto. Através desse sistema pode-se acompanhar melhor os indicadores de qualidade desse tipo de assistência, tais como os índices de cesariana, mortalidade materna e mortalidade perinatal, vindo à tona que o modelo de atenção ao parto em Juiz de Fora é altamente intervencionista e ineficiente. A metodologia deste trabalho baseia-se em dois estudos: um de cunho quantitativo e outro, qualitativo. O primeiro consistiu de coleta de dados nas três maternidades, quanto ao tipo de parto (normal, cesárea e fórceps) no período de 1960 a 2001, o que é denominado de história serial. A abordagem qualitativa teve como foco as impressões de profissionais, médicos obstetras sobre a evolução da assistência ao parto em Juiz de Fora. Como resultados, a história serial apontou para o crescente uso da cesariana até 1998, quando foi implantada a Portaria n° 2816 no sentido de inverter essa tendência descontrolada de aumento. A partir dessa data, houve um acréscimo de número de partos normais. O estudo apontou também para o uso cíclico do fórceps, sendo extremamente valorizado do final da década de 60 até meados da década de 70 e depois apresentando uma queda constante, com uma pequena elevação também em 1998, quando se limita o número de cesarianas. Outro fator identificado pelo presente estudo é a diferenciação do tipo de parto de acordo com a categoria de internação, sendo o número de cesarianas maior na categoria particular e o de partos normais maior na categoria geral, apontando para a existência de fatores extra-técnicos e extra-biológicos na determinação do tipo de parto.