Dengue e malária continuam sendo as principais doenças transmitidas por mosquitos vetores, colocando sob risco aproximadamente 40 por cento da população mundial. O objetivo deste trabalho foi estudar aspectos básicos da biologia e do controle de Aedes aegypti e de anofelinos neotropicais, visando colaborar com o combate e com o desenvolvimento de estratégias alternativas de controle dos vetores do dengue e da malária no país. Com relação ao dengue, monitoramos a resistência de diferentes populações de Aedes aegypti aos inseticidas usados no Programa Nacional de Controle do Dengue. Encontramos resistência ao temefós (principal larvicida usado no país) e a outros organofosforados nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe e Alagoas. Avaliamos ainda, no laboratório e em condições que simulam a situação no campo, a persistência de alguns larvicidas alternativos. No laboratório foram observadas diferenças significativas entre dois dos formulados do biolarvicida Bacillus thuringiensis var israelensis (Bti) testados, embora ambos tenham apresentado elevada persistência. Nos testes de simulação de campo, contudo, não foram detectadas diferenças entre os formulados de Bti avaliados. A persistência foi sempre baixa, principalmente em períodos com temperaturas mais elevadas. Baixa persistência também foi verificada com um formulado de metoprene, análogo de hormônio juvenil. Com relação aos anofelinos, estabelecemos algumas condições que facilitam a manutenção em cativeiro e a manipulação de colônias autônomas de duas espécies neotropicais: verificamos que embriões de An. albitarsis são mais sensíveis às variações de temperatura que aqueles de An. aquasalis. Posteriormente, investigamos o grau de isolamento reprodutivo entre Anopheles albitarsis s.s. e Anopheles deaneorum, duas espécies do Complexo Albitarsis, quando confirmamos, através de cruzamentos por cópula forçada, que são duas espécies distintas. Este trabalho também sugeriu maior adaptação dos machos da colônia à cópula induzida. Avaliamos então o processo de adaptação de An. albitarsis ao cativeiro, dado que poderia servir como subsídio à colonização de outros anofelinos neotropicais. Os resultados indicam seleção, durante o processo de colonização de An. albitarsis, de fatores autossômicos que aumentam a eficiência dos machos tanto na cópula forçada quanto na cópula livre.