Alterações morfológicas na retina de camundongos C57BL/6 infectados com Toxoplasma gondii (Apicomplexa, Sarcocystidae)
Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Faria, Suzana Corte Real
Toxoplasmose, cujo agente etiológico é o Toxoplasma gondii acontece em cerca de 10 a 30 por cento de indivíduos em todo o mundo. No Brasil, a prevalência sorológica para o T. gondii varia entre 50 e 80 por cento da população saudável. A infecção pelo T. gondii em humanos é muito comum, contudo, a doença clínica está restrita a indivíduos imunocomprometidos e à transmissão congênita... O principal objetivo deste trabalho é documentar as alterações morfológicas e o comprometimento da retina na infecção pelo T. gondii no modelo murino, utilizando camundongos C57BL/6, infectados pelas vias congênita, intravitreal e intraperitoneal. Camundongos C57BL/6 fêmeas adultas foram divididos em três grupos experimentais: grupo 1: embriões oriundos de fêmeas grávidas inoculadas via oral (gavagem) com 5 cistos de T. gondii no 10º dia de gestação; grupo 2: fêmeas adultas inoculadas via intravitreal (i.v.) com 5x103 bradizoítas, oriundos de cistos rompidos; e grupo 3: fêmeas adultas inoculadas via intraperitoneal (i.p.) com 50 cistos de T. gondii. Os olhos foram enucleados durante o curso da infecção e avaliados utilizando as microscopias de luz e eletrônica de transmissão. A dosagem de anticorpos IgM e IgG revelou o curso da doença, caracterizando as fases aguda e crônica. A análise histopatológica dos olhos dos embriões não revelou a presença do parasita... Nos grupos 2 e 3 foram observados parasitas no interior dos vasos, acompanhados de infiltrado inflamatório, edema, migração do epitélio pigmentado da retina (EPR) e formação de lacunas nos segmentos externos dos fotorreceptores (FTR). Os cistos foram evidenciados 60 dias pós-infecção, na camada nuclear interna da retina. A análise ultra-estrutural mostrou detalhes dos cistos e das células da retina, e alterações oriundas dos infiltrados inflamatórios e da migração celular nas camadas externas e internas da retina. Concluímos que as lesões observadas foram focais e restritas à retina. Os segmentos externos dos FTR foram as estruturas mais alteradas da retina, provavelmente devido a migração das células inflamatórias e do EPR, alterando assim, sua arquitetura. A presença do parasita nos vasos dos tecidos oculares, nos animais inoculados via i.v. e i.p., em todos os períodos examinados, indica a existência de parasitas circulantes, mesmo na fase crônica da doença, sugerindo que sejam oriundos do rompimento de cistos.