Estudo clínico, laboratorial e epidemiológico da esporotricose felina na região metropolitana do Rio de Janeiro
Publication year: 2004
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Schubach, Armando de Oliveira
A partir 1998 o Serviço de Zoonoses e o Setor de Dermatologia em Doenças Infecciosas do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas - Fundação Oswaldo Cruz vêm acompanhando uma epidemia de esporotricose, na região metropolitana do Rio de Janeiro, sob a forma de zoonose envolvendo gatos, cães e seres humanos. Foram estudados aspectos clínicos, laboratoriais e terapêuticos da esporotricose em gatos provenientes dessa epidemia. Inicialmente, o potencial zoonótico dos gatos foi demonstrado através do isolamento de S. schenckii em cultura de fragmentos de lesões cutâneas de 148 gatos com esporotricose, além de 47 (n=71; 66,2 por cento) cavidades nasais, 33 (n=79; 41,8 por cento) cavidades orais e 15 (n=38; 39,5 por cento) fragmentos de unhas e das cavidades oral ou nasal de 3 (n=84; 3,57 por cento) gatos aparentemente sadios, que coabitavam com gatos com esporotricose. A forma sistêmica da doença foi demonstrada através de necrópsia de 10 gatos em mau estado geral, com múltiplas lesões cutâneas ulceradas e sinais respiratórios... Sporothrix schenckii foi visualizado em cortes histológicos de pulmão, fígado, baço e linfonodo e isolado em cultura de fragmentos de pulmão, fígado, baço, pâncreas, linfonodo, coração e rim. Posteriormente, a disseminação por via hemática foi demonstrada através do isolamento de S. schenckii em cultura de sangue periférico de 17 (n=49; 34,4 por cento) gatos em diferentes fases de gravidade da doença. O envolvimento sistêmico foi confirmado em 9 desses animais, através necrópsia e isolamento de S. schenckii em cultura de órgãos internos. Buscando-se um método alternativo, aplicável em condições de poucos recursos, para diagnosticar, in vivo, a disseminação do S. schenckii, comparou-se a hemocultura com a cultura do coágulo sangüíneo, havendo concordância de 84,2 por cento. A avaliação retrospectiva, de 347 gatos diagnosticados, entre 1998 e 2001, através do isolamento de S. schenckii em cultura, revelou um espectro variando de infecção subclínica até doença sistêmica grave. Os sinais extra-cutâneos mais freqüentes foram os respiratórios, presentes em 44 por cento dos gatos. A co-infecção pelo vírus da imunodeficiência felina (FIV) e/ou vírus da leucemia felina (FeLV) foi detectada em 21,8 por cento. Foi constatada a cura em 68 gatos submetidos tratamento antifúngico regular e prolongado, independente da apresentação clínica, do esquema terapêutico ou da co-infecção por FIV.