Este trabalho foi desenvolvido na zona rural do município de Jaguaruana/CE, nas localidades de Coberto, Currais do Felipe, Figueiredo do Bruno e Figueiredo, onde foram registrados 631 moradores distribuídos em 158 casas, sendo que em 59 moradias foram capturados triatomíneos, num total de 3.082 exemplares. A maior percentagem de captura foi efetuada no peridomicílio, seguido do ambiente silvestre e do intradomicílio. Dos insetos capturados, 74,8 por cento eram Triatoma brasiliensis, 9,7 por cento Rhodnius nasutus, 7,4 por cento Triatoma pseudomaculata e 0,1 por cento Panstrongylus lutzi. Foram examinados 1.773 exemplares dos quais 302 (17 por cento) estavam infectados por Trypanosoma cruzi. As principais fontes alimentares identificadas através do teste de precipitina foram, em ordem decrescente: ave, humano, cabra e ovelha. A triagem sorológica, efetuada em 541 moradores, indicou soropositividade para 23 indivíduos (4,2 por cento), que foi confirmada em 17 destes. A realização do xenodiagnóstico indireto, apresentou positividade em somente 2 (11,8 por cento) pacientes. A PCR foi positiva em 9 (75 por cento) dos 12 pacientes soropositivos examinados. Diante dos resultados, pode-se estimar em 3,1 por cento a soroprevalência da infecção chagásica na população da área estudada. A sorologia para a identificação de anticorpos anti-T. cruzi em animais domésticos mostrou positividade em cinco cães e duas cabras, com o xenodiagnóstico direto positivo em apenas um dos cães. Dos 33 (78.5 por cento) roedores e marsupiais examinados através do teste sorológico (IFI), 25 (75,7 por cento) apresentaram anticorpos anti-T. cruzi, sendo que destes, três apresentaram o hemocultivo positivo. Os perfis isoenzimáticos das 14 cepas de T.cruzi isoladas de triatomíneos do peridomicílio e três de reservatórios mostraram uma população de parasita característica do ciclo silvestre. A grande quantidade de triatomíneos capturados nas áreas de estudo, bem como os índices de infecção pelo protozoário T. cruzi, indicam que é necessário manter o sistema de vigilância epidemiológica nas localidades, já que as reinfestações em muitas delas ocorreram pouco tempo após a borrifação.