A microbiota fúngica e os aspectos clínicos da cavidade bucal de 31 pacientes, com câncer de boca e orofaringe tratados com radioterapia foram objetivo deste estudo. Amostras para cultura, identificação e quantificação das espécies de leveduras foram obtidas com a utilização de swabs estéreis da boca dos pacientes, e semeadas em placas de Ágar saboraud-dextrose e Chromoagar Candidatm.

Os pacientes foram examinados para avaliação dos aspectos clínicos da boca e tiveram amostras coletadas em quatro fases:

uma antes do início da radioterapia, duas durante o tratamento e 30 dias após o término da última sessão de radioterapia. Para controle foram utilizados os dados obtidos na primeira coleta.

Queixas de desconforto ocorreram durante o tratamento sendo as mais comuns:

xerostomia, dor, ardência, dificuldade para deglutir, trismo e perda do paladar. Trinta dias após o término da última sessão de radioterápica os sintomas diminuíram com exceção da xerostomia que permaneceu praticamente inalterada. A mucosite por radiação foi observada em todos os pacientes durante a radioterapia em diferentes graus, agravando-se por volta da 4a semana de tratamento e diminuindo 30 dias após o término do tratamento. Lesões de candídiase aumentaram significantemente (p < 0.05) durante o tratamento e diminuíram trinta dias após o término. Candida albicans foi a levedura mais isolada em todas as coletas, mas outras espécies também foram observadas durante e após o tratamento, entre elas destacando-se: C. parapsilosis, C. tropicalis, C. guilhermondii, C. Krusei, C. Kefyr e C. lusitaneae. Os resultados indicaram que as alterações causadas pela radioterapia regrediram com o término do tratamento sendo a xerostomia exceção, sendo que a microbiota fúngica sofreu alterações quantitativas e qualitativas significantes.