Humanização do parto à luz da bioética: percepções de mulheres e profissionais de saúde
Publication year: 2004
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de Brasília. Faculdade de Ciências da Saúde to obtain the academic title of Mestre. Leader:
O presente estudo tem por objetivo identificar a percepção das mulheres e dos profissionais de saúde acerca da implementação do Programa de Humanização ao Pré-Natal e Nascimento preconizado pelo Ministério da Saúde, em um Hospital Universitário. Ancora-se no referencial teórico da Bioética Feminista e no referencial metodológico da Análise de Conteúdo de Bardin, com a finalidade de conhecer a realidade vivenciada pelos sujeitos no que se refere à assistência recebida e prestada no processo parturitivo. Para a pesquisa de campo, optamos por realizar entrevistas com mulheres no período do pós-parto mediato e com profissionais - enfermeiras e médicos - que atuam na maternidade do referido serviço. Os resultados revelaram que as mulheres aceitam a opressão e a subordinação como parte do atendimento ao parto, o que provavelmente aconteceu a partir do momento em que este foi institucionalizado e medicalizado. Pode-se apreender, ainda, por meio de seus discursos, que elas sentem-se impotentes e dependentes. O medo ou o desconhecimento do processo de parturição justifica sua submissão às ações assistenciais intervencionistas dos profissionais de saúde, colocando-as em uma situação de extrema vulnerabilidade. Quanto aos profissionais, estes deixam transparecer em suas falas a existência de uma hierarquização nas suas relações profissionais. Esta hierarquia explicita as limitações do espaço social e dos saberes, a falta de comunicação na assistência dispensada às mulheres, bem como a existência de uma relação de resistência e hierarquia entre os médicos, entre estes e as enfermeiras e entre eles e as mulheres. Nesse contexto, as questões aqui levantadas estão relacionadas aos direitos das mulheres que trazem ao debate a vulnerabilidade, o resgate da autonomia feminina frente ao processo parturitivo as relações assimétricas e de resistência dos profissionais de saúde às mudanças propostas pelo Programa de Humanização do Parto.