Pessoas acometidas por queimaduras extensas sofrem danos corporais importantes. O tratamento é complexo, requer longos períodos de internação e é dolorido. Como ocorrência das queimaduras encontram-se seqüelas funcionais e estratégicas. O sofrimento emocional está presente neste acontecimento, durante o tratamento das lesões e na convivência com as seqüelas. Há o medo da morte, o sofrimento advindo da dor, da separação da família. Há alterações do corpo que provoca estranhamento ao paciente e às pessoas ao seu redor. Tal experiência é um fenômeno complexo que envolve aspectos psíquicos, culturais e sociais. As queimaduras são decorrentes de acidentes, tentativas de suicídio e homicídio. O processo que leva à queimadura pode ser desencadeado por condições existentes anteriormente, como alcoolismo e distúrbios psiquiátricos. O presente trabalho tem por objetivo compreender os significados psíquicos das tentativas de suicídio por queimadura e investigar os motivos nomeados para a escolha do fogo como agente e as repercussões no âmbito social dos sujeitos que tentam esta forma de suicídio. Foi realizado o levantamento de prontuários de pacientes atendidos pelo Serviço de Queimaduras da Divisão de Cirurgia Plástica e Queimaduras do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para a seleção dos sujeitos da pesquisa e para a coleta de dados. Foram realizados sete entrevistas para a obtenção das histórias de vida. Recorreu-se à análise qualitativa do material obtido durante as entrevistas à luz da psicanálise, como referencial teórico e método interpretativo, destacando-se os temas trazidos e as cenas das queimaduras