Malária em terras indígenas habitadas pelos Wari, no estado de Rondônia: estudo epidemiológico e entomológico

Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader: Santos, Reinaldo Souza dos

Apesar da malária ser um dos principais problemas de saúde pública, estudos epidemiológicos a respeito desta endemia em populações indígenas da região Amazônica são escassos, bem como estudos sobre a ecologia de seu vetor. Nestas populações, a malária pode apresentar diferentes características de acordo com a etnia, ou até mesmo entre uma mesma etnia. Este trabalho teve como objetivo estudar o perfil epidemiológico da malária, bem como conhecer as espécies de Anopheles existentes em áreas indígenas habitadas pelos Pakaánova, no oeste do Estado de Rondônia.

O estudo foi desenvolvido em duas etapas:

I) Análise descritiva de registros de casos de malária em áreas indígenas habitadas pelos Pakaánova, no período de janeiro de 1998 a dezembro de 2001; II) Levantamento da fauna anofélica em ambientes freqüentados pelos indígenas, nas aldeias Lage, Santo André e Bom-Futuro. Conduziu-se análise epidemiológica estratificada por postos indígenas, sexo, faixa etária e ano. Observou-se predomínio de casos pelo Plasmodium vivax, sendo mais freqüente em indivíduos na faixa etária de 1 a 9 anos de idade, inexistindo diferenças estatisticamente significantes entre os sexos. A análise do Índice Parasitário Anual mostrou uma oscilação entre os anos, que pode ser decorrente da reestruturação do subsistema de atenção à saúde indígena, que passou a ser responsabilidade da Fundação Nacional de Saúde. Quanto ao levantamento entomológico, foram realizadas capturas de culicídeos nas aldeias Santo André, Bom Futuro e Lage. As duas primeiras aldeias foram consideradas apenas uma, devido à sua proximidade, sendo então chamada Santo André-Bom Futuro. As capturas ocorreram em três ambientes (intra, peri e extradomicílio), entre abril e junho de 2002. Foram capturados 3.686 anofelinos, com maior ocorrência na aldeia Santo André-Bom Futuro. Houve predominância de Anopheles darlingi, que demonstrou modelo de atividade bimodal, com pico de atividade nos crepúsculos vespertino e matutino, capturado principalmente no peridomicílio. Os resultados não permitem afirmar que este seja o único vetor da malária, sendo necessário um estudo mais abrangente, quanto às estações do ano e à busca de anofelinos infectados. É preciso que se faça uma reavaliação nas ações de controle e de vigilância da malária em áreas indígenas.

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