Avaliação da segurança da administração do antimoniato de meglumina durante a gravidez

Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader: Paumgartten, Francisco José Roma

Os antimoniais pentavalentes (e.g. antimoniato de meglumina, Glucantime, estibogluconato de sódio, Pentostam) são, ainda hoje, considerados medicamentos de primeira escolha no tratamento das leishmanioses. Entretanto, apesar dos antimoniais pentavalentes estarem no mercado há mais de 50 anos, as informações sobre a segurança do seu uso na gravidez ainda são escassas. O presente estudo foi conduzido para prover dados de cinética e toxicidade reprodutiva do antimoniato de meglumina (AM) em ratos.

Toxicidade reprodutiva:

Três grupos de ratos Wistar receberam injeções subcutâneas diárias de AM (300, 150, 75 mg Sbv por kg de peso corporal) do dia 1 ao dia 20 de gestação. O ganho de peso materno foi registrado diariamente. No dia 21 de gestação as ratas foram submetidas à cesariana. Todos os fetos foram pesados e examinados para malformações visíveis externamente. Um terço dos fetos de cada ninhada, escolhidos ao acaso, foi fixado em solução de Bouin e posteriormente microdissecados para avaliação de malformações viscerais. Os fetos restantes foram clarificados e corados com vermelho de alizarina-s para análise de esqueleto. Sinais de toxicidade materna ou toxicidade reprodutiva não foram encontrados em doses de até 150 mg Sbv/kg/dia, mas embriotoxicidade (aumento de embrioletalidade e diminuição do peso corporal fetal) na ausência de toxicidade materna, foram notados na maior dose testada (300 mg Sbv/kg/dia).

Cinética:

Ratas grávidas foram tratadas com injeções diárias de 300 mg Sbv/kg AM do dia 1 ao dia 20 de gestação e as amostras de sangue foram retiradas em dias alternados. Machos e fêmeas não grávidas foram também tratados com injeções subcutâneas diárias de AM (300 mg Sbv/kg) e as amostras foram coletadas em dias alternados até o dia 31 de tratamento. Os resultados obtidos demonstraram uma transferência transplacentária de antimônio, que nos fetos é cerca de 1/3 dos níveis maternos de antimônio no dia 21 de gestação. Após uma única dose, subcutânea ou intravenosa, a maior parte do antimônio injetado é rapidamente eliminado (em menos de 8 h) mas uma concentração residual (fase de eliminação lenta) é ainda encontrada 24 h após o tratamento. Injeções diárias de AM leva a um acúmulo constante de antimônio neste compartimento de eliminação lenta. Os resultados obtidos neste estudo sugerem que o AM não é teratogênico em ratos e o NOAEL para toxicidade reprodutiva pode ser fixado em 150 mg Sbv/kg/dia.

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