Análise molecular da epidemia pelo variante GWGR do subtipo do hiv-1 no Brasil
Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Struchiner, Claudio José
A pandemia de AIDS, causada pelo vírus HIV-1, tem exercido um grande impacto sobre a humanidade com conseqüências devastadoras para muitas populações, especialmente nos países em desenvolvimento. Uma importante característica do HIV-1 é a sua enorme variabilidade genética, observada tanto nas populações virais que infectam um único indivíduo quanto entre os vírus coletados nas diferentes regiões geográficas. Entretanto, apesar desta variabilidade ser intensamente estudada, ainda existem importantes questões a serem respondidas especialmente no que se refere a diferenças nos fenótipos virais. O objetivo da tese de doutorado foi estudar a origem e a expansão da variante GWGR do subtipo B do HIV-1 encontrado principalmente na epidemia brasileira. A abordagem escolhida para o problema foi a construção de uma filogenia com todas as seqüências com o padrão de assinatura GWGR disponíveis no Genbank além de uma amostra das seqüências parentais GPGR, incluindo todas as seqüências brasileiras do subtipo B. A análise filogenética destas seqüências foi feita utilizando-se o modelo de distância de Tamura-3 para a construção de uma árvore de Neighbor-Joining. O suporte estatístico da árvore foi dado pelo teste do ramo interno. A análise filogenética sugere que a epidemia pela variante GWGR possui uma única origem cujo epicentro provavelmente foi o Brasil. A partir deste resultado, os dados epidemiológicos e a análise da topologia da árvore foram comparados para se estudar a dispersão mundial da variante. Apesar da variante GWGR circular em pelo menos 18 países, a sua dispersão foi observada principalmente no Brasil. A hipótese de que esta variante possua alguma vantagem seletiva relacionada a sua dispersão foi analisada. Esta hipótese foi sugerida uma vez que indivíduos infectados pelo sorotipo GWGR possuem um período de sobrevida sem AIDS superior àqueles contaminados pelo sorotipo GPGR. Mesmo que fatores locais tenham auxiliado a dispersão da variante GWGR no Brasil, não pode ser descartado que a seleção natural atuou sobre este processo.