Ilhas de invenção e solidão: um estudo da atenção à saúde mental para a infância e a adolescência em unidades básicas de saúde em Vitória - ES
Publication year: 2003
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader: Mendonça, Maria Helena Magalhães
Estudo de caso realizado com o objetivo de descrever e deixar emergir as concepções de criança e de adolescente adotadas por gestores e profissionais e as condições em que se efetiva a prática da saúde mental voltada para esses grupos na rede municipal de saúde em Vitória - ES. O trabalho parte de uma recuperação histórica da construção social da infância e da adolescência e busca identificar os paradigmas que subsidiam a elaboração de políticas públicas de assistência para esses grupos. Procura também realizar uma breve revisão dos paradigmas associados à loucura e aos modos de assisti-la e realizar um paralelo com a construção da cidadania da criança e do adolescente, que também traz a marca da assistência constituída a partir do reconhecimento de sua fraqueza. Do ponto de vista metodológico, trata-se de estudo exploratório, envolvendo duas gestoras e doze profissionais de saúde, e foi dividido em duas temáticas. A primeira organiza as concepções adotadas por gestores e profissionais a respeito da criança e do adolescente de acordo com o paradigma que as determina; a segunda temática busca identificar a percepção dos atores quanto ao modelo de saúde mental implantado, procurando conhecer em que medida esse modelo incorpora os princípios e diretrizes da reforma psiquiátrica. A análise se efetiva na perspectiva da análise de conteúdo. O estudo permite evidenciar que, para a criança e o adolescente, as concepções e práticas associadas ao estatuto da imaturidade, da fraqueza e da proteção baseada no estatuto da situação irregular convivem com as concepções da criança e do adolescente como sujeitos de direitos e do paradigma da proteção integral. A assistência nas unidades básicas de saúde e nas unidades saúde da família é percebida como carente de organização e de diretrizes precisas. Nesse atendimento, as profissionais constroem práticas baseadas em sua formação pessoal. Há questões relevantes que, dada a complexidade do tema, foram apenas apontadas no presente trabalho, merecendo estudos mais aprofundados.