A anestesia de extremidades é uma característica da hanseníase; os danos neural e vascular levam à deformidade. Uma das conseqüências comuns é o comprometimento ungueal, apresentando-se principalmente sob a forma de distrofia, que pode ser colonizada por fungos. A infecção micótica facilita o aparecimento de infecções bacterianas secundárias, que podem desencadear reações hansênicas, comprometendo a qualidade de vida do paciente. Neste trabalho, estudou-se a freqüência de agentes de onicomicose em 104 pacientes hansenianos com lesões clinicamente compatíveis. Foram utilizados exame micológico, direto e cultura, que foi repetida por três vezes. Encontrou-se freqüência de 91,3% de onicomicoses, com predomínio de leveduras (60,0%). Houve discordância entre exame micológico direto e cultura em 27,6% dos casos. Em 21,6% dos exames diretos microscopicamente positivos não foi observado crescimento fúngico na respectiva cultura e em 6% dos casos verificou-se exame micológico direto negativo e cultura positiva. Os dermatófitos representaram 26,7% dos isolamentos, sendo Trichophyton rubrum o mais freqüente (15,3%). Os fungos filamentosos não dermatófitos foram 13,3% das cepas isoladas, com maior freqüência do gênero Scytalidium (10,5%). Candida parapsilosis foi a espécie de levedura mais freqüente (21,53%), seguida de C. tropicalis (7,69%) e C. albicans (7,69%). Os achados sugerem que as unhas destes pacientes são suscetíveis às onicomicoses, principalmente com predisposição à infecção por agentes oportunistas. Reforça-se a necessidade de exame micológico direto e cultura para identificação correta da etiologia da onicomicoses, pois o correto diagnóstico do agentes é imprescindível para guiar o tratamento.