Estado nutricional de crianças e oferta alimentar do pré-escolar do Município de Coimbra, Portugal
Publication year: 2004
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Anjos, Luiz Antonio dos
O presente estudo objetivou, caracterizar o estado nutricional de crianças pré-escolares de Coimbra, um município urbano da Região Centro, conhecendo, igualmente, a oferta alimentar dos Jardins de Infância, relacionando as condições nutricionais com as características ambientais. Foram avaliadas, em peso e estatura, 2400 crianças com idades compreendidas entre os 3 e 6 anos, de todos os Jardins de Infância (73) da Rede Pré-Escolar (Pública, Privada e Privada Solidária). Examinou-se a tendência secular de crescimento e a relação do sobrepeso com as variáveis: sexo, idade, idade materna, nível de escolaridade e grupo sócio-profissional dos progenitores. As famílias foram caracterizadas como tipicamente urbanas: um agregado familiar pequeno constituído pelos pais biológicos e na maioria um filho, a idade maternal, em média, acima dos 34 anos, em que ambos os progenitores assumiam igualdade de níveis superiores de instrução e sócio-profissionais. Semelhante aos achados internacionais, os resultados revelaram que 10,5 por cento das crianças apresentavam sobrepeso (valor-z do índice Peso/Estatura >+2 da mediana de referência do NCHS (1997), aumentando com a idade. Foram evidenciadas tendências seculares de aumento estaturais (1,9 cm/década) e ponderais (2,9kg/década) em relação a estudos de 2 décadas atrás. A prevalência de sobrepeso mostrou maior associação com os níveis de instrução mais baixos e conseqüentemente com estratos sócio-profissionais menos qualificados dos progenitores. A alimentação escolar mostrou diversas lacunas principalmente ao nível de orgânica e funcionalidade do setor alimentar e pela falta de profissionais de nutrição. A oferta alimentar das emendas mostrou essencialmente monotonia, pouca quantidade e variedade de fruta e legumes, uma utilização considerável de produtos processados e uma oferta alimentar alta em gorduras e produtos açucarados. A gordura e sal de adição (utilizados na confecção alimentar) foram calculados. Os resultados mostraram que cada criança disponibiliza cerca de 13g de gordura e 0,9g de sal em média por almoço, o que representam valores muito próximos ao que deveriam disponibilizar no total diário. As conclusões do estudo sugerem a necessidade de intervenção urgente e em larga escala ao nível da população infantil, principalmente ao nível dos estratos mais carentes, por forma a contrariar o fenômeno crescente da obesidade, sob risco de se comprometer à saúde futura de todo um país.