Atualmente, no Brasil e demais países das Américas, os únicos casos de poliomielite paralítica causados por poliovírus são de etiologia vacinal. Com o objetivo de estudar os casos de poliomielite paralítica associados à vacina (PAV) no Brasil (1989-1995), foi desenvolvido um estudo de coorte retrospectivo, a partir dos casos de paralisia flácida aguda (PFA) notificados ao Ministério da Saúde (MS). Analisou-se dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos de 3656 PFA, sendo que 30 com diagnóstico de PAV, mediante critérios do MS (PAV1). Casos de PFA foram reclassificados, mediante critérios do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), encontrando-se 20 casos de PVA para o período de 1990-1995 (PAV2). A análise demonstrou um risco de 1 caso para 2,39 e 1 caso para 5,56 milhões de primeiras doses de OPV administradas para os critérios PAV1 e PAV2, respectivamente. O RR para indivíduos expostos à vacina OPV variou entre 8,88 (IC95 por cento : 4,37-18,03), PAV1, e 5,54 (IC95 por cento:2,23-13,76), PAV2; RR para casos que ocorreram em períodos de campanhas de vacinação de 2,94 (IC95 por cento:1,44-6,00), PAV1, e 0,87 (IC95 por cento:0,29-2,59), PAV2. Injeções intramusculares como fator de risco demonstrou RR 6,37 (IC95 por cento:1,97-20,64), PAV1, e 5,73 (IC95 por cento:1,29-25,39), PAV2. Casos de PFA com febre, primeira dose de OPV, isolamento de poliovírus vacinal 2 ou 3, paralisia em membros inferiores, faixas etárias precoces, merecem atenção quanto à investigação por apresentarem fatores de risco, para o agravo estudado, embora nem todas estas variáveis tenham demonstrado significância estatística na análise multivariada. Os modelos logísticos desenvolvidos apresentaram uma predileção marginal, mas que podem subsidiar um provável diagnóstico de PAV.