As pneumonias representam um dos principais problemas de saúde pública em crianças menores de cinco anos nos países em desenvolvimento. O comprometimento da pleura nos quadros pneumônicos é a complicação mais freqüente e pode contribuir substancialmente para o agravamento do quadro clínico. Tem por objetivo determinar fatores de risco epidemiológicos associados ao desenvolvimento de comprometimento pleural (CP) em crianças de 3 a 59 meses, internadas com pneumonia grave no Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP). O desenho de estudo foi observacional, transversal, descritivo, com componente analítico. Analisou-se a exposição de fatores epidemiológicos relacionados à demografia, ao ambiente e às condições sócio-econômicas e nutricionais de 154 pacientes, de 3 a 59 meses hospitalizados com pneumonia grave, que desenvolveram ou não desenvolveram CP observado na admissão hospitalar ou durante tratamento da doença aguda nas enfermarias do IMIP. A definição de caso para pneumonia grave seguiu os critérios clínicos da Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde do Brasil e o CP foi definido segundo achados radiológicos. As informações foram obtidas no Banco de Dados do Projeto CARIBE/OPAS/OMS (Collaborative Multicentre study on Acute Respiratory Infections and bacterial Resistance), cuja coleta de informações dos pacientes admitidos no estudo ocorreu nos meses de julho de 2000 a maio 2001. Utilizou-se o software IPI-INFO, versão 6.04b, para realização de análise bivariada a um nível de significância a 5 por cento com um poder de 80 por cento. A intensidade da associação foi determinada calculando-se a Razão de Prevalência com seus respectivos intervalos de confiança a 95 por cento (IC95 por cento). A freqüencia de CP foi de 25,3 por cento nos 154 pacientes estudados. Não foi demonstrada associação para o desenvolvimento de CP com os demais fatores estudados. Os achados reforçam o peso de algumas variáveis sócio-econômicas, ambientais e nutricionais na associação com CP nas pneumonias graves de crianças menores de cinco anos, permitindo apontar possíveis medidas preventivas.