Analisa possíveis inter-relaçoes entre o trabalho humano e o desenvolvimento das doenças isquêmicas do coração (DIC). Para tal intento, esta análise é feita, inicialmente, em função de dois aspectos. No primeiro, são apresentados elementos configuradores dessa relação a partir da demonstração da existência de diferenças ocupacionais de morbi-mortalidade por DIC e da descrição de agentes e/ou condiçoes laborais que podem causá-las, seja por suas açoes diretas, na intimidade vascular, seja por propiciarem alteração em alguns dos denominados fatores de risco clássicos de DIC: como hiperlipidemia, hipertensão arterial e tabagismo, dentre outros. Num segundo momento, são analisadas algumas dificuldades a que se estabeleça a interrelação em estudo, em que destacam-se aquelas relativas às legislaçoes trabalhista e previdenciária brasileiras: ao valor dado à categoria trabalho quando se estudam fatores de risco de DIC: as inerentes à própria complexidade destas doenças e a alguns valores atribuídos ao saber médico hegemônico. Finaliza-se o texto, apresentando-se propostas gerais de encaminhamento à geração de investigaçoes e à viabilização de açoes práticas, aos níveis médico e legal, que permitem desvendar e interromper a relação entre o trabalho e as DIC.