Trabalhar com pessoas hospitalizadas com afecções cutâneas impõe uma prática alerta para o cuidar não somente das lesões, mas com visão das repercussões desta situação em suas vidas. Ciente desta importância e complexidade, investigou-se as necessidades e os desejos dessas pessoas quanto aos cuidados de enfermagem que lhe são e/ou devem ser prestados, durante a internação em clínica dermatológica, visando delinear e discutir o sentido do cuidar em enfermagem por elas imaginado, como expressão de suas necessidades e desejos. Valorizando a participação livre e esclarecida da clientela na construção desse conhecimento, optou-se por produzí-lo através da Abordagem Sociopoética e Método do Grupo Pesquisador (SANTOS e GAUTHIER, 2000), o qual foi formado por 24 usuários entre clientes e pessoal de enfermagem. A pesquisa foi implementada no Hospital Universitário Pedro Ernesto / Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ), em 2001/2002, utilizando-se duas técnicas: A) dinâmica do território mínimo, proposta por (GAUTHIER e HIRATA, 2001), para responder às seguintes questões: o que eu gosto, o que eu desgosto no meu corpo, como eu gostaria de ser cuidado pela enfermagem; e B) vivência de lugares sociomíticos onde se correlacionou o cuidar em enfermagem: à ponte, à estrada, ao poço, ao mar, à falha e ao túnel. Nos resultados referentes à técnica A, destacam-se as categorias analíticas: a pele como invólucro do corpo; a imagem corporal comprometida; a manutenção do autocuidado; cuidado desejado: conforto físico, emocional e espiritual. Na análise e discussão dos estudos sociopoéticos da produção de dados procedentes da técnica B, ressaltam-se as categorias sobre os cuidados; humano x descuidado; dialógico x não dialógico e solidário x solitário. Conclui-se que o sentido do cuidar em enfermagem para os sujeitos investigados pressupõe um paradigma assistencial que extrapola o vigente, pois este vai além dos procedimentos técnicos desenvolvidos para atender às necessidades fisiológicas e de apoio à terapêutica medicamentosa. Esse paradigma imaginado e idealizado pelo grupo pesquisador foi considerado como sociopoético porque privilegia o interagir com o cliente, reconhecendo a atuação da enfermagem no processo de recuperação do cliente quanto às situações de mal-estar provocadas pela hospitalização, devido às afecções cutâneas, e destaca a importância de se estabelecer uma relação de cidadania, sensibilidade e solidariedade entre cliente e profissional.