Estimar o tempo mediano de sobrevida (TMS) e a probabili-dade de sobrevivência em pacientes diagnosticados com AIDS, na região de Sorocaba, foram os objetivos deste es-tudo. Nesta coorte prospectiva, 2.352 pacientes com 13 anos ou mais, foram notificados ao sistema de vigilância entre 1985 e 1997, com seguimento até 31 de agosto de 1999. Em função da importância evidenciada na análise univariada, o modelo de regressão proporcional de Cox foi usado para calcular a razão da função de riscos, os Hazard Ratios (HR) das variáveis selecionadas: ano de diagnóstico, sexo, idade, situação conjugal, área de residência, categoria de exposição e critério de diagnós-tico. O TMS foi de 8,2 meses considerando o total dos casos. A probabilidade de sobreviver um, dois e três anos, após o diagnóstico, foi de 44,7%, 35,5% e 29,7% respectivamente.

Houve aumento significativo do TMS no decorrer dos anos em estudo:

2,4 meses no período de 1985 a 1990; 4,0 meses no período de 1991 a 1993; e 8,6 meses no período de 1994 a 1996. Para o ano de 1997, o TMS não foi estimado, pois mais de 65% dos pacientes estavam vivos ao término do estudo. O tempo de 31,8 meses, con-siderando a função de sobrevivência de 65,8%, foi o último estabelecido. O HR para o período de 1991-1993 foi de 0,72 [IC95%=0,61-0,86]; para 1994-1996 foi de 0,53 [IC95%=0,4-0,62]; e para 1997 foi de 0,27 [IC95%=0,22-0,34]; o valor de p foi < 0.001. A sobrevida mediana para o sexo masculino foi de 6,2 meses e para o feminino foi de 15,0 meses, cuja razão de função de riscos correspon-deu a 0,82 [IC95%=0,73-0,93] com o valor de p igual a 0,001. Considerando a idade, quando da doença de apresen-tação, o TMS foi de 9,1 meses para os pacientes de 13 a 39 anos e de 4,9 meses após os 40 ou mais; o HR foi de 1,20 [IC95%=1,05-1,38; p=0,009]. Os pacientes com parcei-ro fixo mostraram um TMS de 10,0 meses e os que não tinham parceiro fixo de 6,2 meses, cuja razão da função de riscos foi igual a 1,11 [IC95%=1,01-1,22; p=0,002]. A sobrevida resultou maior para os procedentes dos municí-pios menores em relação aos maiores. A análise multivaria-da mostrou que todas as características estudadas consti-tuíram fator prognóstico independente para a sobrevida, exceto a categoria de exposição. Quando comparados ao critério “Rio de Janeiro/Caracas”, a melhor sobrevida mediana foi verificada nos pacientes diagnosticados pela "contagem do CD4 ≤350 mm3", cuja razão de riscos foi igual a 0,10 [IC95%=0,05-0,22]; enquanto a menor...