Fatores ambientais associados as neoplasias intracranianas: estudo caso-controle na região metropolitana do Rio de Janeiro

Publication year: 2004
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca to obtain the academic title of Doutor. Leader: Koifman, Sergio

Ainda se conhece pouco sobre os possíveis agentes causais associados às neoplasias cerebrais, embora se saiba que fatores genéticos, hormonais e ambientais estejamenvolvidos. Um estudo caso-controle de base hospitalar foi desenvolvido na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, entre 1999 e 2002, com objetivo de descrever o padrão da associação entre exposições selecionadas e neoplasias intracranianas, tendo sido entrevistados 240 casos incidentes e 268 controles. Foram definidos como casos pacientes hospitalizados, com confirmação diagnóstica de neoplasia de meninges cerebrais, encéfalo ou nervos cranianos (maligna ou benigna), na faixa etária de 30 a 65 anos, residentes na Região. Os controles foram pacientes internados nas mesmas instituições de identificação dos casos, portadores de nosologias selecionadas, pareados por freqüência de sexo e idade, residentes na mesma Região. Foram coletados dadosrelativos à exposição a diversos fatores de risco, tais como radiação ionizante, campos eletromagnéticos, história familiar de câncer, antecedente de traumatismo craniano, inseticidas e pesticidas, contato com animais, hábitos de vida (padrão alimentar, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, uso de produtos para os cabelos).

Aexposição a solventes foi a variável que revelou risco mais elevado para as neoplasias intracranianas:

OR = 7,4 (95 por cento IC: 1,6-33,3), ajustada pelas demais variáveis estudadas. A história familiar de câncer apresentou associação positiva (ORaj = 1,5 [95 por cento IC: 1,1-2,2]), especialmente em parentes de primeiro grau (OR = 1,7 [95 por cento IC: 1,1-2,7]), confirmando outros trabalhos publicados. Também foram observadas associaçõesdiretas com a exposição à luminosidade noturna (ORaj = 1,97 [95 por cento IC: 1,2-3,3]), à história pregressa de traumatismos cranianos (ORaj = 1,4 [95 por cento IC: 1,0-2,1]) e ao tratamento com anticonvulsivantes (OR = 2,9 [95 por cento IC: 1,2-7,0]). A história familiar de câncer e os antecedentes de traumatismos cranianos apresentaram razões de chances elevadas, sem significância estatística, tanto para gliomas (OR = 1,4 e 1,6, respectivamente) quanto para meningiomas (OR = 1,5 para ambos). Potenciais fatores de risco apontados pela literatura, como a exposição à radiação e a moradia em área rural, não mostraram associação nesse estudo.

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