Estudo da mortalidade perinatal em uma região do Rio de Janeiro: aspectos metodológicos, descritivos e determinantes
Publication year: 2005
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca to obtain the academic title of Doutor. Leader: Coutinho, Evandro da Silva Freire
Estudou-se a mortalidade perinatal em uma localidade do Rio de Janeiro, contextualizada no cenário de outros estudos sobre o tema no Brasil.O primeiro artigo revisou, com ênfase metodológica, artigos sobre mortalidade perinatal no Brasil. Foram encontradas taxas elevadas e diferenças regionais, com natimortalidade variando de 9 por cento em Belo Horizonte a 17,9 por cento em Fortaleza, e neomortalidade precoce de 7,4 por cento em Caxias do Sul a 15,3 por cento em Fortaleza. Características populacionais e abordagens metodológicas explicam estas variações. Notou-se progressiva utilização do SINASC e do SIM, predomínio de estudos sobre neomortalidade, incorporação das classificações de causas e discordância em relação a alguns fatores de risco.O segundo artigo descreveu os óbitos perinatais de uma maternidade pública, com cobertura de 50 por cento dos partos de uma região do Rio de Janeiro. Foram estudados 512 casos (74 por cento natimortos), de 1999 a 2003. A maioria dos óbitos fetais ocorreu antes do parto e os óbitos neonatais precoces nos primeiros três de vida. A mediana de peso foi 1420 g e a de idade gestacional 31 semanas. Vinte e quatro por cento dos óbitos cursaram com retardo de crescimento intra-uterino. As principais causas básicas foram afecções maternas (hipertensão e sífilis). De acordo com a classificação de Wigglesworth, foram considerados evitáveis cerca de 50 por cento dos óbitos.O terceiro artigo foi um caso-controle aninhado que investigou os determinantes da mortalidade perinatal na mesma maternidade, de 2002 a 2004. A análise dos dados, através de modelo hierárquico, revelou a importância de vínculo empregatício, situação marital estável, acompanhante na internação e pré-natal adequado como protetores, enquanto violência doméstica e presença de morbidade na gravidez aumentaram o risco. Baixo peso e prematuridade foram os maiores determinantes do óbito neonatal precoce. O pré-natal teve efeito ainda mais acentuado nas pacientes com morbidade, destacando-se como estratégia de redução do risco em populações socioeconomicamente desfavorecidas.