Com o propósito de avaliar o efeito do estrogênio na função cognitiva de mulheres na pós-menopausa, compararam-se os resultados do uso da terapia estrogênica com a utilização do placebo. Também se propôs estudar a relação entre os efeitos do tratamento nos sintomas climatéricos e depressivos e os resultados dos testes de função cognitiva. A metodologia utilizada foi o estudo duplo-cego, randomizado, controlado, comparando o uso de 2 mg de 17-beta-estradiol por via oral com o placebo. As pacientes estudadas eram mulheres na pós-menopausa, com idades entre 48 e 65 anos, com 8 anos de instrução formal. Excluíram-se mulheres com depressão moderada ou grave, com demência, usuárias de medicações com ação sobre o sistema nervoso central ou com contra-indicações à reposição hormonal. As 74 mulheres incluídas foram avaliadas em relação à função cognitiva, sintomas depressivos e climatéricos antes e depois de 12 semanas de terapia hormonal, utilizando-se os seguintes testes psicométricos: Mini-mental, Evocação Imediata e Tardia de Estória, Span de Dígitos, FAS, Teste Stroop, Dígito-simbolo, Trilhas A, Trilhas B e Teste dos sinos, além das Escalas de Depressão de Hamilton e Climatérica de Greene. Os grupos placebo e estradiol foram homogêneos em relação à idade, número de gestações, tempo de pós-menopausa, índice de massa corporal e pontuação nos diferentes testes antes do inicio do tratamento. Ao final do estudo, os resultados mostraram melhora significante apenas no grupo que usou estradiol nos seguintes testes: Evocação Imediata e Tardia de Estória e Escalas de Greene e Hamilton. Houve melhora em ambos os grupos nos testes FAS, Stroop e Sinos. Entretanto, ao se comparar os grupos, o único teste que mostrou diferença significante foi a Escala Climatérica de Greene. Observou-se ainda uma relação direta entre a redução dos sintomas climatéricos e o melhor desempenho apenas no Teste Stroop