O dito, o não dito e o mal-dito: o fonoaudiólogo diante da violência familiar contra crianças e adolescentes

Publication year: 2005
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca to obtain the academic title of Doutor. Leader: Assis, Simone Gonçalves de

Esta tese apresentada no formato de três artigos científicos procurou compreender como os fonoaudiólogos vêm enfrentando o problema da violência familiar contra crianças e adolescentes e como este tema vem sendo abordado na produção científica da área. O pressuposto central deste trabalho é de que existem especificidades da atuação e da formação fonoaudiológica que propiciam a experiência com os maus-tratos no cotidiano profissional, mas ao mesmo tempo, dificultam o enfrentamento destes casos. O primeiro artigo teve o objetivo de chamar a atenção do fonoaudiólogo para esse grave problema, discutindo seu papel enquanto profissional integrante da rede de proteção à infância e sua importância na identificação, condução e prevenção dos maus-tratos. Por se tratar de um assunto ainda pouco tematizado na área, este trabalho procurou ser didático nos seus propósitos de orientar os profissionais brasileiros sobre a importância de se capacitarem para um melhor atendimento.O segundo e o terceiro artigo foram baseados em dados originais de um inquérito realizado com fonoaudiólogos do município do Rio de Janeiro no ano de 2003. Estes trabalhos procuraram compreender as dificuldades enfrentadas por este profissional diante dos casos de maus-tratos buscando outras vias explicativas, além da falta de informação e qualificação. Além disso, os resultados deste inquérito possibilitaram conhecer a ocorrência da violência familiar na população que recebe atendimento fonoaudiológico. Além do caráter descritivo e exploratório deste estudo inédito no país e na literatura de língua inglesa, a tese como um todo, teve também um caráter bibliográfico já que analisou todos os estudos encontrados sobre Fonoaudiologia, distúrbios da comunicação e violência familiar revelando uma escassez de publicações internacionais e nacionais acerca deste problema. O isolamento que caracteriza a atuação do fonoaudiólogo, a tradição de uma prática corretivo-normatizadora, uma prática clínica pouco embasada teórica e metodologicamente e ainda, o distanciamento das instituições públicas fizeram com que o problema dos maus-tratos permanecesse à margem da pauta de debates da Fonoaudiologia no Brasil. A compreensão destes fatores é fundamental para que o processo de capacitação e disseminação de informação para esta categoria profissional seja efetivo.

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