Incidência e fatores de risco do linfedema após tratamento cirúrgico para câncer de mama: estudo de uma coorte hospitalar

Publication year: 2005
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca to obtain the academic title of Doutor. Leader: Mattos, Inês Echenique

Introdução:

O avanço das técnicas cirúrgicas no tratamento do câncer de mama, aliado aos recursos atualmente disponíveis, como quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia, prolongaram a sobrevida dos pacientes. Segundo dados dos registros hospitalares de câncer do INCA, entre 2000 e 2001, 50 por cento dos casos de câncer de mama foram diagnosticados nos estádios III e IV. Quanto mais tardio for o diagnóstico, maiores serão as seqüelas do tratamento, sendo o linfedema, uma das principais, constituindo-se em foco de atenção primordial do sistema de saúde pública.

Objetivo geral:

Determinar a incidência e os fatores associados ao linfedema em uma coorte de mulheres submetidas a tratamento cirúrgico para câncer de mama.

Metodologia:

Estudo de coorte prospectivo das mulheres tratadas cirurgicamente para câncer de mama no período de agosto/2001 a novembro/2002. O seguimento preconizou uma reavaliação no primeiro dia após a cirurgia e nas consultas ambulatoriais de seguimento, agendadas para 30 dias, 6 meses, 12 meses, 18 meses e 24 meses. Todas as avaliações foram padronizadas, sendo utilizados instrumentos especificamente elaborados e testados para tal fim. O critério para diagnóstico de linfedema foi baseado na proposta de Casley-Smith que adota a perimetria dos membros superiores.

Resultados:

Foram estudadas 1004 mulheres com idade média de 56 anos e tempo médio de seguimento de 19 meses. A incidência acumulada de linfedema no período de 24 meses foi de 17,5 por cento. As variáveis que foram estatisticamente associadas ao linfedema, na análise multivariada de Cox, foram: radioterapia em cadeias de drenagem (HR=3,10 IC 1,99-4,85), edema precoce (HR=2,86 IC 1,51-5,43), sobrepeso ou obesidade (HR=1,89 IC 1,19-3,01), seroma (HR=1,75 IC 1,11-2,76), número de ciclos de quimioterapia administrados no membro superior homolateral ao câncer de mama (HR=1,19 IC 1,08-1,32) e idade (HR=1,02 IC 1,01-1,04).

Conclusão:

A incidência de linfedema após 2 anos de seguimento foi elevada e a radioterapia realizada em cadeias de drenagem foi o mais forte preditor do risco. As mulheres obesas devem ser incentivadas a reduzir o peso corporal e a aplicação de quimioterapia deve ser evitada no membro homolateral ao câncer de mama. Protocolos de reabilitação pós-operatória devem ser instituídos, com base no modelo preditor do risco de desenvolvimento do linfedema, visando uma melhor qualidade de vida para as mulheres tratadas com câncer de mama.

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