A construção cultural do nascimento e suas representações: o olhar da gestante na medicalização da gravidez e do parto

Publication year: 2004
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Fernandes Figueira to obtain the academic title of Doutor. Leader: Gomes, Romeu

A proposta deste estudo foi compreender as representações do nascimento no universo de mulheres gestantes em situação de atendimento hospitalar. A análise tomou como referencial o universo do saber e da prática biomédica como conhecimento autorizado.Um pressuposto foi a existência de modelos culturais de saúde, leigos e científicos, na interação progressiva entre o setor profissional e usuários dos serviços. A investigação explorou aspectos importantes da compreensão dos conteúdos educativos e informativos veiculados nos diversos momentos da intervenção sobre o processo do nascimento. Entendeu também que estas ações não resumem o contato cultural e os modos de explicação e construção de conhecimentos médicos. A investigação teve como fundamento a abordagem qualitativa em saúde. Foram empregadas entrevistas para o levantamento dos principais significados presentes no discurso dessas mulheres. A análise de narrativas de saúde buscou resgatar os principais enredos em circulação nestes modelos culturais de saúde e as representações associadas. Os resultados apontaram para alguns modelos explicativos que sintetizam a expressão do saber autorizado, a biomedicina, e seu aber em ação, a atuação médica. As gestantes constituem suas estratégias e seu entendimento a partir da interação progressiva com o processo de atendimento. Apreendem de modo precário e parcial os conhecimentos médicos em circulação. As propostas de participação validam mais o treinamento e a informação que a comunicação. O modelo médico oficial se organiza em torno de visões científicas e programáticas autônomas e legítimadas. Estas estratégias discursivas problematizam o reconhecimento adequado do universo cultural do nascimento. O estudo concluiu que a melhoria da qualidade do atendimento e sua transformação qualitativa dependerão da integração dos modelos culturais médicos.

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