Apesar de um considerável progresso na conceituação e reconhecimento da dor no neonato a sua avaliação, à beira do leito, muitas vezes é inadequada. Da percepção dos profissionais depende a elaboração da conduta adequada para o tratamento da dor no neonato. Como a percepção é permeada por fatores sociais, culturais e epistemológicos, o modelo hegemônico da racionalidade tende a não valorizar a percepção, em detrimento da instalação de protocolos de rotina já reconhecidamente usados, promovendo a manutenção de uma conduta ultrapassada, nem sempre atendendo às necessidades do neonato. Neste contexto, elaboramos um ensaio de natureza qualitativa objetivando a avaliação da percepção da dor e do tratamento do neonato pelos profissionais de saúde que atuam em unidades de tratamento intensivo neonatal, caracterizando a importância que é dada à ela, e a identificação das estratégias antálgicas adotadas por esses profissionais. A análise foi feita a partir do estudo da complexidade, preconizada por Morin, que evidenciou a necessidade da instalação de uma nova visão multidimensional, que promova a identificação, avaliação e manejo da dor em nível preventivo e curativo como rotina no tratamento do neonato em unidade de terapia intensiva.