A efetividade de um tratamento breve para usuários de maconha

Publication year: 2005
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Curso de Psiquiatria to obtain the academic title of Doutor. Leader:

Objetivos:

Avaliar a efetividade de um tratamento breve para usuários de maconha.

Desenho:

Trata-se de um ensaio clínico randomizado que ofereceu 3 possibilidades de tratamento: o 1° oferecia 4 sessões semanais em um mês (1EMPR), no 2° (3EMPR) as mesmas 4 sessões foram aplicadas nas semanas 1, 3, 8 e 12, durando 3 meses e no 3° grupo os pacientes ficaram na espera (LE). Esse estudo descreve o 1° de 3 seguimentos, 4 meses após a randomização.

Análise estatística:

A evolução dos grupos foi analisada por modelos lineares generalizados (MLG). Um modelo considerou os 3 grupos em 2 momentos (inicial e 1° seguimento). Foi também feita uma análise dos "missing".

Participantes:

De 277 interessados, 183 pacientes foram selecionados. Destes, 160 foram analisados. A amostra tem média de 32,45 anos, são na maioria brancos, solteiros, têm muitos anos de estudo e alguma ocupação. Em termos de uso de maconha, a média de idade de início foi 16,44 com média de 16 anos de uso. A amostra usou em 92,19 por cento dos últimos 90 dias antes da entrevista inicial e fumou uma média de 1,99 baseados por dia neste período.

Resultados:

A taxa total de aderência foi de 64 por cento, com o grupo controle mostrando menores taxas de desistência. Analisando os 3 grupos na entrevista inicial e no 1° seguimento, houve efeito de interação, ou seja, o comportamento foi distinto nos 3 grupos, para todos os resultados, tanto primários como secundários. Nos grupos de tratamento, houve uma redução significativa na porcentagem de dias fumados (1 EMPR passou de 94,19 por cento a 63,74 por cento e 3EMPR de 88,17 por cento a 51,86 por cento dos últimos 90 dias), no número de baseados (1EMPR passou de 2,06 a 0,78 baseados por dia e 3EMPR de 2,08 a 0,58) e quartos fumados (1 EMPR passou de 2,05 a 1,17 e 3EMPR de 2,05 a 0,94 quartos por dia). A melhora é semelhante para as medidas primárias, porém para as medidas secundárias, o 3EMPR foi estatisticamente melhor que o 1 EMPR (1 EMPR passou de 9,80 a 8,44 e 3EMPR de 10,21 para 6,70 problemas relacionados à maconha em média, enquanto que para sintomas de dependência, o 1 EMPR passou de uma média de 5,69 a 4,38 e 3EMPR de 5,78 a 2,75). As taxas de abstinência foram baixas, não havendo diferença entre os grupos (total de 3,7 por cento). Houve um aumento do uso de drogas no 1° seguimento, principalmente cocaína.

Conclusões:

Trata-se de uma amostra seleta, de pessoas com alto nível educacional e ocupação e com uma história de uso de maconha longa e pesada. Em termos gerais, tratamento é melhor que não-tratamento. O tratamento mais longo parece ser mais efetivo, no que tange os resultados secundários. Curiosamente, a lista de espera também tem um efeito sobre a maconha, tanto no consumo como nos problemas associados, o que contribuí para a idéia de uma intervenção brevíssima tendo efeito. A taxa de desistência, apesar de alta comparada a outros estudos, não afetou os resultados qualitativamente. Os pacientes precisam ser seguidos por mais tempo para que possamos observar se as mudanças perduram.

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