Dinâmica de células CD4+ e carga viral de HIV-1 durante e após a profilaxia anti-retroviral para transmissão materno-infantil de HIV-1

Publication year: 2006
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Curso de Infectologia to obtain the academic title of Doutor. Leader:

Objetivo:

Avaliar o impacto da estratégia de interrupção de uso de profilaxia anti-retroviral para transmissão materno-infantil de HIV-1 após o parto na dinâmica de células CD4+ e na carga viral de HIV-1 nas mulheres infectadas por HIV-1.

Métodos:

Estudo de coorte observacional retrolactiva que incluiu todas as gestantes infectadas por HIV-1 atendidas no NUPAIG -Hospital São Paulo entre os anos 2000 a 2005 que tiveram valor de células CD4+ antes da profilaxia superior a 300 células/ml; receberam profilaxia com tratamento antiretroviral de grande atividade (HAART); interromperam o uso de medicações anti-retrovirais em até quatro semanas após o parto e tiveram avaliações laboratoriais antes, durante e pós a profilaxia.

Resultados:

Setenta e cinco gestações, incluindo três mulheres com duas gravidezes, foram avaliadas. Vinte-e-quatro casos tinham antecedente de uso de antiretrovirais antes da profilaxia. A mediana de CD4+ basal foi de 573 células/mm3. A profilaxia foi iniciada após 26,6 semanas de idade gestacional e durou até 11,7 semanas em 75 por cento dos casos. Esquema profilático foi trocado em doze gestações. Inibidor de protease fez parte de 33 profilaxias. A mediana do incremento no valor de células CD4+ durante a profilaxia em relação ao valor basal foi 25 por cento. A profilaxia levou a indetecção de carga viral de HIV-1 em até 6,7 semanas em 75 por cento dos casos, sendo que somente em cinco gestações não foi atingido esse objetivo. O tempo para indetectar a carga viral de HIV-1 foi reduzido quando a carga viral inicial de HIV-1 foi menor de 100.000 cópias/ml e foi usado único esquema profilático. Após a interrupção da profilaxia, não houve queda significativa do valor de CD4+ e a carga viral de HIV-1 retomou ao patamar pré-profilaxia. O tempo médio estimado para ter valor de CD4+ inferior a 300 células/mm3 após profilaxia foi de 3,5 anos e foi calculado com seguimento de 120,6 pessoas-ano. O período pós-profilaxia com nível de CD4+ acima de 300 células por mm3, no modelo de riscos proporcionais de Cox, foi influenciado positivamente pelo nível de CD4+ pré-profilaxia e pelo ganho de CD4+ durante a profilaxia e negativamente pela exposição a anti-retrovirais antes da profilaxia e pela carga viral de HIV-1 detectável no fim da profilaxia.

Conclusões:

A dinâmica de células CD4+ e de carga viral de HIV-1 durante e após a profilaxia anti-retroviral pode ser influenciada positivamente pela escolha de esquema antiretroviral profilático potente e bem tolerado. A mulher que recebe dita profilaxia parece postergar a queda de células CD4+ a níveis que indiquem a necessidade de tratamento.

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