Adesão ao tratamento anti-retroviral entre idosos vivendo com Aids na grande São Paulo

Publication year: 2006
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Epidemiologia to obtain the academic title of Doutor. Leader: Cardoso, Maria Regina Alves

Algumas tendências têm caracterizado a epidemia de aids no Brasil, especialmente nos últimos anos. Observa-se um aumento na proporção de mulheres e de idosos entre os casos notificados. A porcentagem dos pacientes com 50 anos ou mais no diagnóstico aumentou progressivamente de 7 por cento em 1996 para 13 por cento em 2004. Entretanto, há uma carência de estudos enfocando idosos que vivem com aids, especialmente no que se refere à adesão dos mesmos à HAART (da sigla inglesa: Highly Active Antiretroviral Therapy). O objetivo deste estudo foi avaliar a adesão dos idosos que vivem com aids aos anti-retrovirais e as associações entre esta adesão e características do tratamento e dos pacientes, incluindo a qualidade de vida dos mesmos, mensurada por meio do WHOQOL-abreviado. Foram entrevistados 118 pacientes com sessenta anos ou mais, tendo sido considerado aderido todo aquele que informou ter tomado ao menos 95 por cento dos comprimidos prescritos para os três últimos dias. Realizaram-se análises bivariada e multivariada por meio de regressão logística para investigar associações entre adesão e as variáveis independentes. A taxa de adesão verificada foi 80,5 por cento (IC95 por cento:72,2 - 87,2). Os pacientes mais aderidos foram aqueles com 60 a 69 anos, comparado aos com 70 anos ou mais; mais escolarizados; aposentados e usando no máximo de 5 comprimidos ARV/dia. A adesão mostrou associação limítrofe com sexo e nenhuma associação com os escores de qualidade de vida. Estes dados podem contribuir para um melhor cuidado dos idosos vivendo com aids em tempos de HAART. Com a proporção crescente de pessoais já com 50 anos ou mais ao diagnóstico, e com o aumento da sobrevida dos pacientes, o número de idosos nos serviços especializados em aids crescerá continuamente. Estudos qualitativos poderão ajudar na melhor compreensão das tendências observadas na adesão deste grupo etário.

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