Infecção por Trypanosoma cruzi no Período Pré-colonial no Brasil: análise de material arqueológico de Minas Gerais
Publication year: 2007
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Mestre. Leader: Vicente, Ana Carolina Paulo Jansen-Franken, Ana Maria
A origem e dispersão da infecção humana por Trypanosoma cruzi na América do Sul ainda é polêmica. A infecção humana no Brasil tem sido classicamente proposta como conseqüênsia da adaptação do T. infestans às casas de pau-a-pique que passaram a ser construídas após a colonização. Recentes dados sobre a presença da infecção humana pré-colombiana na região dos Andes têm contestado esta hipótese mas não existem dados disponíveis, considerando o tema, para outras regiões do continente. Retomamos este assunto analisando restos humanos ancestrais (tecidos moles e ossos) coletados de Minas Gerais, uma área classicamente endêmica para a doença de Chagas. Os haplogrupos dessas amostras, datados entre 7000 e 600 anos AP, foram determinados através do sequenciamento da região HVS-I de DNA mitocondrial humano. A presença de T. cruzi em todas as amostras do indivíduo LBIV, foi determinada por PCR utilizando como alvo a região conservada de minicírculo de kDNA. Além disso, foi possível amplificar a região espaçadora não transcrita do gene de miniexon, a partir de uma destas amostras. A identidade de todos os âmplicons foi validada por sequenciamento. É importante mencionar que o indivíduo LBIV apresentou uma estrutura sugestiva de megacolon e recentemente uma análise por PCR, recuperou segmentos das regiões ribossomais 12S e 18S de T. cruzi, de amostra deste indivíduo. Todos estes dados mostram que tanto a infecção quanto a doença de Chagas foram prevalentes em populações pre-colombianas do Brasil central. No trabalho, com a recuperação de aDNA humano, determinamos o haplogrupo B na amostra mais antiga do Brasil.