Efeito do fator de crescimento do nervo (NGF) sobre a replicação do HIV-1 em células primárias humanas

Publication year: 2009
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Mestre. Leader: Bou-Babib, Dumith Chequer

O vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1), agente etiológico da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), representa um dos patógenos de maior interesse clínico das últimas décadas. Durante a infecção pelo HIV-1 muitas células CD4(mais) morrem; enquanto outras, como os macrófagos, sobrevivem e sustentam a replicação do HIV-1 por longos períodos, transformando-se em reservatórios virais. Desta forma, o reconhecimento de fatores que possam manter esses reservatórios celulares vivos e influenciar a replicação do HIV-1 é uma das maiores tarefas para o desenvolvimento de uma estratégia terapêutica mais eficaz. Uma vez demonstrado que a infecção pelo HIV-1 aumenta a secreção do fator de crescimento do nervo (NGF) e que esta molécula é crucial para a sobrevivência de macrófagos, nós analisamos se o NGF poderia modular a replicação do HIV-1 em PBMCs e macrófagos e os mecanismos relacionados a esse fenômeno. Células mononucleares de sangue periférico (PBMCs) e macrófagos infectados in vitro com HIV-1 foram tratadas com NGF. A replicação viral foi medida por ELISA para p24 em sobrenadantes de cultura. Diferentes inividores farmacológicos foram utilizados para a análise de possíveis vias de sinalização intracelular envolvidas com a replicação de HIV-1 induzida por NGF. A participação de APOBEC3G foi avaliada em macrófagos expostos ao NGF, utilizando RT-PCR e immunoblotting. Infecções com HIV-1 sincronizadas foram utilizadas para estudar se o NGF poderia influenciar a ligação e entrada do vírus. A integração e a transcrição do HIV-1 foram avaliadas por PCR e real-time PCR, respectivamente. Nossos resultados demonstraram que o NGF estimulou a replicação do HIV-1 em macrófagos mas não em PBMCs atingindo um aumento de até 20 vezes em relação ao controle quando tratado com 10ng/mL. Esta neurotrofina não afetou a adsorção, a penetração, nem a integração do DNA proviral. Desta forma, o NGF deve atuar através da estimulação da transcrição das proteínas virais.
A via disparada por NGF que estimula a transcrição do HIV-1 é dependente do receptor TrKA, que leva a mobilização de cálcio intracelular derivado do retículo endoplasmático e a ativação de PKC. Uma vez disparado, PKC ativa ERK1/2, p38quinase e NFkB. A diminuição da produção de APOBEC3G em macrófagos tratados com NGF, também foi observada, inclusive quando tratado com interferon-gama. Em conjunto, nossos resultados sugerem que o NGF estimula a produção de HIV-1 em macrófagos. Esse efeito envolve o receptor TrKA e está associado com a regulação negativa de APOBEC3G. Nosso estudo evidencia uma nova forma de interação entre o HIV-1 e a célula hospedeira, trazendo bases para uma melhor compreensão sobre esta complexa relação.

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