A infecção causada pelo HTL V-I é endêmica em diversas regiões do planeta, incluindo Salvador, capital e principal cidade do estado da Bahia. Nesta cidade, a prevalência em doadores de sangue é em tomo de 1,35%. Desde que foi demonstrada a associação do HTL V-I com para pares ia espástica progressiva, parte das mielopatias crônicas deixaram de ter sua etiologia indeterminada. Diversas outras doenças neurológicas também têm sido descritas em associação com infecção por HTLV-L Com o objetivo de fornecer uma estimativa da freqüência e variedade das manifestações neurológicas potencialmente relacionadas à infecção por HTLV-I na Bahia, nordeste do Brasil, realizamos um estudo clínico-epidemiológico de corte transversal para determinar a prevalência de infecção por HTLV-I e HTLV-II em pacientes com doença neurológica. Pacientes com neoplasias, traumas ou acidentes vasculares foram excluídos do estudo. A partir dessas informações, fizemos um estudo de diagnóstico, com a finalidade de identificar variáveis clínicas e laboratoriais capazes de predizer o diagnóstico de HTLV-I entre as mielopatias crônicas, e construímos uma árvore de decisão para este diagnóstico baseada no valor preditivo positivo da associação de parâmetros clínicos e laboratoriais. Em um período de 16 meses, estudamos 322 pacientes consecutivos, com doença neurológica, que foram atendidos nos serviços de neurologia de dois grandes hospitais gerais de Salvador. Infecção por HTLV-I foi encontrada em 20,9% desses pacientes. Deste grupo, 104 pacientes tinham mielopatia ou mieloneuropatia crônica, sendo 52 (50%) associado com infecção por HTLV-I (HAM/TSP). Foi observado que a maior prevalência de HTLV-I encontrava-se entre 40 e 60 anos de idade, com predomínio no sexo feminino.