Avaliação do risco de doença cardiovascular em indivíduos com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana
Publication year: 2011
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas to obtain the academic title of Mestre. Leader: Lorenzo, Andrea Rocha de
Fundamentos:
O tratamento da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) tornou-a uma condição crônica e havendo o desenvolvimento de doenças como a doença aterosclerótica coronariana (DAC). Não existe ainda definição sobre a avaliação de risco cardiovascular para a população com VIH. Para isto, é necessário conhecimento do risco cardiovascular desta população. O escore de cálcio das artérias coronárias (ECAC) é útil para detecção precoce e estratificação do risco da DAC. Este estudo procurou analisar fatores e escores de risco de DAC e investigar o uso do ECAC nesta população.Métodos:
Estudo transversal com adultos infectados pelo VIH, sem sintomas cardiovasculares ou história de DAC. Foram obtidos dados demográficos, clínicos e antropométricos, glicemia e lipidograma. Foram avaliados o escore de risco de Framingham (ERF) e ECAC. Variáveis categóricas foram comparadas pelo qui-quadrado ou teste exato de Fisher e as contínuas pelo teste t de Student ou teste de Mann-Whitney. A análise de concordância entre ERF e ECAC usou estatística kappa.Resultados:
Foram estudados 40 pacientes, de 45,9 ± 8,1 anos. Dois ou mais fatores de risco ocorreram em 82,5 por cento. A idade de risco para DAC foi observada em 30,0 por cento, hipertensão arterial em 55,0 por cento, diabetes em 10,0 por cento, tabagismo em 35,0 por cento, dislipidemia em 67,5 por cento e história familiar de DAC precoce em 57,5 por cento. Alterações do colesterol total, LDL-colesterol, HDL-colesterol e triglicerídeos foram detectadas em, respectivamente, 30,0 por cento, 25,0 por cento, 82,5 por cento e 52,5 por cento. Todos os pacientes encontravam-se em uso de terapia anti-retroviral, com 52,5 por cento em uso de inibidores de protease (IP). Apenas o HDL-colesterol e os triglicerídeos alterados foram mais frequentes nos em uso de IP...
A avaliação clínica do risco cardiovascular através do ERF classificou 72,5 por cento dos pacientes como baixo risco, 25,0 por cento como risco moderado e 2,5 por cento como risco elevado. Foi encontrada calcificação coronariana (ECAC>0) em 32,5 por cento dos indivíduos. De acordo com os percentis do ECAC, 67,5 por cento tiveram risco baixo, 17,5 por cento risco moderado e 15,0 por cento risco alto. No total, 32,5 por cento dos indivíduos mudaram de classificação de risco após a avaliação do ECAC. Dentre os pacientes classificados em baixo risco pelo ERF, 13,7 por cento foram reclassificados pelo ECAC para alto risco e 10,3 por cento para risco moderado. Daqueles com risco moderado, 50 por cento foram para baixo risco pelo ECAC e 10 por cento para alto. O único paciente de alto risco permaneceu nessa categoria após o ECAC. A concordância entre a estratificação do risco pelo ERF e pelo ECAC obteve um kappa de 0,435.