Avaliação dos aspectos epidemiológicos, clínicos e imunopatológicos da reação tipo 1 em pacientes coinfectados pelo vírus da imunodeficiência humana e o Mycobacterium leprae

Publication year: 2013
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz to obtain the academic title of Doutor. Leader: Sarno, Euzenir Nunes

Introdução:

Na última década, diversas publicações sobre a associação entre o início de terapia antirretroviral e o desenvolvimento de reação reversa foram publicadas. [...] Objetivo: Avaliar a influência da infecção pelo HIV na epidemiologia, apresentação clínica e mecanismos imunopatológicos envolvidos na reação tipo 1.

Material e método:

Estudo I: Estudo de série de casos, onde foi realizada uma descrição das características clínicas e epidemiológicas de todos os pacientes coinfectados pelo HIV/ M. leprae no momento do diagnóstico de hanseníase no ASA entre 1989 e 2011. Uma análise multivariada dos fatores associados à presença de reação reversa foi realizada. Os dados foram coletados pelo banco de registros dos pacientes no ASA e complementados por revisão de prontuários. Mapas temáticos sobre a distribuição geográfica dos pacientes foram construídos através do programa ArcMap.

Estudo II:

estudo de coorte retrospectiva, onde foram incluídos todos os pacientes borderline tuberculoide , maiores de 15 anos de idade e atendidos no ASA entre 1997 a 2008. Os pacientes foram comparados de acordo com a sorologia para infecção pelo HIV. Os dados foram coletados através de revisão de prontuários. A densidade de incidência de reação reversa foi calculada para cada grupo. Os fatores de risco para reação reversa foram avaliados através de análise multivariada por regressão de Poisson. Comparou- se as características clínicas da reação. Em soro de pacientes com reação reversa, foi avaliada a expressão de citocinas por Luminex e de proteína C reativa por ELISA. A detecção de IgM anti-PGL1 no diagnóstico de hanseníase foi avaliada através de ELISA.

Resultados:

Estudo I: Houve um aumento no número de pacientes diagnosticados com hanseníase e HIV nos últimos anos, em um centro de referência. A maioria dos pacientes apresentava a forma paucibacilar da hanseníase e o uso de TARV foi único fator associado ao desenvolvimento de reação. A maioria dos pacientes eram moradores da região metropolitana e da região norte da cidade do Rio de Janeiro.

Estudo II:

A incidência de reação reversa foi significantemente maior entre pacientes coinfectados pelo HIV. A presença de BAAR nas lesões cutâneas, a infecção pelo HIV e o teste de Mitsuda negativo foram fatores de risco para a reação reversa. Uma maior proporção de pacientes coinfectados apresentou lesões cutâneas ulceradas, porém todos os pacientes responderam bem ao tratamento para reação com prednisona. Houve uma maior frequência de citocinas de perfil Th1 em pacientes sem HIV e de perfil Th2 em pacientes coinfectados na reação reversa. Nenhum paciente coinfectado apresentou positividade no exame de ELISA anti- PGL1.

Conclusões:

A maioria dos pacientes coinfectados foi proveniente de regiões com grande densidade populacional. A reação reversa é mais frequente em pacientes coinfectados. A infecção pelo HIV, o teste de Mitsuda negativo e a presença de BAAR em lesões cutâneas são fatores de risco para reação reversa. A reação reversa não parece ser mais grave em indivíduos coinfectados pelo HIV.

Introduction:

In the last decade, Leprosy and HIV coinfection gained the attention of thescientific community due to the relation of type 1 reaction and the initiation of antiretroviraltherapy. [...] Objective: To evaluate the interaction of the HIV infection with the epidemiological, clinicaland immune pathological features of type 1 reaction.

Subjects and Methods:

Study I: A case series description of the geographical distributionand demographic characteristics of HIV/ M. leprae co-infected patients at the moment ofleprosy diagnosis in a Brazilian Leprosy referral center from 1989 - 2011. A multivariateanalysis was performed in order to establish clinical factors associated with type 1 reaction.

Study II:

We have conducted a retrospective longitudinal study of all BT leprosy patients older than 15 years of age attended at the FIOCRUZ Clinic from 1st January 1997 to 31th December 2008. Data retrieved from patients chart were compared according to the status of HIVinfection. The incidence rate of type 1 reaction and recurrent reaction was calculated. Riskfactors for type 1 reaction were evaluated by multivariate Poison regression model. In serumsamples from patients under type 1 reaction before prednisone treatment, cytokine levels wereanalyzed by Luminex and reactive C protein levels by ELISA. The presence of IgM antiPGL1was determinate by ELISA at leprosy diagnosis.

Results:

Study I: There were an increasing number of patients diagnosed with leprosy andHIV over the last years at a referral center. Most patients presented paucibacillary leprosyclinical form and the use of ART was the only independent factor associated with type 1reaction. The majority of the patients were living in the metropolitan region and in the northsubarea of Rio de Janeiro city.

Study II:

The incidence per 100 person-years of type 1reaction was significantly greater in the HIV positive group. The presence of AFB in the skinlesion, a negative lepromin test and HIV infection were independent risk factors for type 1reaction. A greater proportion of coinfected patients presented ulcerated skin lesion, howeverall patients had a favorable evolution after treatment with corticosteroid. There was a greaterfrequency of type 1 cytokines among HIV negative patients and type 2 cytokines among HIVpositive patients. No coinfected patients responded for the detection of anti- PGL1.

Conclusions:

Patients living with both HIV and leprosy are likely to live in regionscharacterized by a high density impoverished population. The incidence rate of type 1 isgreater in HIV coinfected individuals under TARV. The HIV infection, a lepromin negativetest and the presence of AFB in the skin lesion are risk factor for type 1 reaction. Type 1reaction did not seem to be more severe in this group of individuals.
VIH

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