Vacina contra HPV na prevenção de câncer de colo do útero
Publication year: 2013
O vírus do Papiloma Humano (HPV, sigla em Inglês) é um vírus cuja transmissão se dá por via sexual e com alto potencial de transmissão, sendo que a proximadamente 75% dos indivíduos que iniciam a vida sexual tornam-se infectados em algum momento da vida. Na década de 1990 foi comprovado que a infecção pelo HPV é causa necessária, ainda que não suficiente, para o desenvolvimento do câncer de colo uterino, que é um relevante problema de saúde pública, particularmente nas regiões mais pobres do mundo. Outros fatores foram identificados como associados à presença de lesões pré-cancerosas e desenvolvimento do câncer de colo do útero: início precoce da atividade sexual, promiscuidade do parceiro, sexo anal, múltiplos parceiros, imunossupressão, multiparidade, precocidade da idade materna no primeiro parto, fumo, uso a longo prazo de contraceptivos hormonais, co-infecção por Chlamydia trachomatis ou vírus Herpes simplex e fatores relacionados à dieta. No entanto, a maioria das infecções por HPV é assintomática e auto-resolutiva, ou seja, nem toda infecção irá evoluir para o câncer, e pelo menos 80% delas regridem sem intervenções. As vacinas contra HPV são preparadas a partir de partículas virais semelhantes ao vírus (VLP, do inglês virus-like particle), produzidas por tecnologia recombinante, oriundas da proteína L1 do capsídeo viral dos tipos de HPV, altamente purificadas e capazes de gerar resposta imunológica. Como as VLP não contêm DNA (ácido desoxirribonucléico) viral, não são capazes de infectar células, se reproduzirem ou causarem doenças.
Existem duas vacinas disponíveis no mercado:
A vacina bivalente recombinante contra HPV 16 e 18, fabricada pela Glaxo Smith Kline.Nome comercial:
Cervarix; A vacina quadrivalente recombinante contra HPV 6, 11, 16 e 18, fabricada pela Merck Sharp & Dohme.Nome comercial:
Gardasil. A evidência científica disponível atualmente confirma que a vacina contra o HPV é eficaz na prevenção de lesões precursoras do câncer de colo do útero (NIC 2 e 3), as quais são diretamente relacionadas ao aparecimento do carcinoma. Porém, deve ser apontado que, para garantir a eficácia na prevenção do câncer de colo do útero propriamente dito, os estudos devem acompanhar as meninas incluídas por tempo suficiente para o desenvolvimento das neoplasias, qual seja superior a 20 anos em média. Com relação à segurança, considerando que a vacina foi implementada em diversos países do mundo e está sendo utilizada por milhões de crianças e mulheres, pode-se concluir que ela é segura e não está relacionada a eventos adversos graves. Pelo exposto, a CONITEC, em sua 17ª reunião ordinária, considerou que ambas as vacinas hoje disponíveis são similares em eficácia e segurança para a finalidade estudada, qual seja a prevenção de lesões precursoras do câncer de colo uterino, e recomendou a incorporação da vacina quadrivalente contra o HPV no SUS, considerando a proposta selecionada para a parceria de desenvolvimento produtivo (PDP), bem como a observância às normas definidas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). A Portaria nº 54, de 18 de novembro de 2013 - Torna pública a decisão incorporar a vacina quadrivalente contra HPV na prevenção do câncer de colo do útero no Sistema Único de Saúde - SUS.
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