Colaboração médico-farmacêutico no manejo de pacientes com diabetes mellitus tipo 2: expectativas e resultados

Publication year: 2014
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo to obtain the academic title of Doutor. Leader: Storpirtis, Silvia

Nos últimos vinte anos houve um aumento substancial no número de revisões sistemáticas e ensaios clínicos que avaliaram intervenções farmacêuticas para pacientes com doenças crônicas, em especial o diabetes. No entanto, existem poucos estudos que avaliam criticamente tais publicações, bem como modelos de prática desenvolvidos no contexto do sistema público de saúde brasileiro. O presente trabalho teve como objetivos avaliar revisões sistemáticas e ensaios clínicos controlados randomizados sobre serviços clínicos farmacêuticos para pacientes com diabetes e avaliar o efeito de modelo de colaboração médico- farmacêutico conduzido em ambulatório de cuidado secundário para pacientes com diabetes tipo 2 não controlada. Para tanto, busca abrangente da literatura foi conduzida nas bases de dados PubMed, SCOPUS, LILACS, Scielo e DOAJ por revisões sistemáticas e ensaios clínicos controlados randomizados. As revisões sistemáticas foram avaliadas em relação à qualidade da apresentação textual e metodológica, sendo identificados campos para melhorias futuras. A seguir, foi realizada uma descrição dos componentes-chave das intervenções e fontes de heterogeneidade clínica e metodológica entre os ensaios clínicos controlados randomizados. Ainda, foi conduzido um ensaio clinico controlado randomizado no ambulatório de doenças metabólicas do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, com duração de 12 meses, para 80 pacientes com diabetes tipo 2 não controlada. O grupo intervenção recebeu consultas farmacêuticas face a face, com suporte remoto por telefone. O farmacêutico realizou intervenções sistemáticas objetivando resolver ou prevenir problemas relacionados aos medicamentos. Os desfechos primários incluíram a redução e controle dos níveis de hemoglobina glicada. A busca bibliográfica identificou 101 registros, dos quais sete revisões completaram os critérios de inclusão. Em média, apenas dois terços dos itens sobre qualidade da apresentação textual e metodológica foram cumpridos nas publicações. Os problemas mais frequentes incluíram o não registo de protocolo do estudo, a ausência de lista dos estudos excluídos, e a falta de reconhecimento claro do conflito de interesses. A busca por ensaios clínicos randomizados de intervenções farmacêuticas identificou 2271 registros, sendo incluídos 24 na síntese qualitativa. A maioria dos estudos para pacientes com diabetes tipo 2 foi desenvolvida nos Estados Unidos, em ambulatório, com contato individual face a face. Todos realizaram intervenções educativas e o processo de uso dos medicamentos foi avaliado pela maioria deles. A amostra exibiu risco de viés incerto ou alto na maior parte dos itens avaliados, o que resultou em baixa qualidade metodológica. De um total de 80 pacientes, 73 completaram o ensaio clínico, sendo 36 do grupo intervenção e 37 do controle. Comparado ao cuidado usual, o grupo intervenção apresentou maior redução nos níveis de hemoglobina glicada, bem como aumento na taxa de controle da pressão arterial sistólica, na proporção de pacientes aderentes e na pontuação da adesão. Os resultados desta tese apontam que a qualidade da apresentação textual e a metodológica estavam abaixo do ideal entre as revisões e que melhoria no desenho e na descrição das revisões e dos estudos primários é necessária para garantir resultados mais robustos. Ainda, o modelo de cuidado proposto é viável e mais efetivo que o cuidado usual na redução da hemoglobina glicada em pacientes diabéticos tipo 2
Over the last twenty years, there was an important increase in the number of systematic reviews and clinical trials about pharmacist interventions in patients with chronic diseases, including diabetes. Nevertheless, few studies exist which assess critically such publications, as well as models of practice developed in the context of the Brazilian Public Health System. The study aimed to assess the systematic reviews and randomized controlled trials on clinical pharmacy services for patients with diabetes and to assess the effect of a pharmacist- physician collaborative care model for patients with poorly controlled type 2 diabetes. For this, comprehensive literature search was performed in databases PubMed, SCOPUS, LILACS, Scielo and DOAJ for systematic reviews and randomized controlled trials. The systematic reviews were assessed for the reporting characteristics and methodological quality, been identified rooms for future improvements. The following, it was performed a description of the key components of pharmacist interventions and of the sources of clinical and methodological heterogeneity between randomized controlled trials. In addition, a 12-month randomized controlled trial of pharmacist-physician collaborative interventions for eighty diabetic patients was conducted at University Hospital of University of São Paulo. The pharmaceutical interviews were conducted face-to-face, with remote support by telephone. Pharmacist performed systematic interventions aiming to solve and prevent drug-related problem in the diabetic patients. The primary outcomes included the reduction and control of the levels of glycosylated hemoglobin. The literature search yielded 101 records, of which 7 reviews for diabetic patients satisfied the inclusion criteria. On average, only two-thirds of reporting and methodological quality items were fulfilled in included reviews. The most frequent problems included the non-registration of study protocol, the absence of a list of excluded studies, and unclear acknowledgment of the conflict of interests. The literature search for randomized clinical trials of pharmacist interventions identified 2271 records, 24 of them were included in the qualitative synthesis. The majority of studies was developed in the United States, in ambulatory, with individual contact face to face. All of them performed educational interventions and the process of use of the medications was assessed in the majority of them. The sample showed risk of bias uncertain or high in the majority of the items assessed, which resulted in low methodological quality. Of a total of 80 patients, 73 completed the clinical trial (37 of control and 36 of intervention). In comparison with the usual care, the intervention group presented higher reduction in the levels of glycosylated hemoglobin, as well as increase in the rate of control of the systolic blood pressure, in the proportion of adherent patients and in the score of the medication adherence. The results of this thesis point out that the report and methodological quality was below the ideal in the reviews and that improvement in the design and in the description of the reviews and of the primary studies is necessary to warrant results that are more robust. Still, the model of care proposed is viable and more effective than the usual care in reducing the levels of glycosylated hemoglobin in patients with diabetes type 2

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