O objetivo deste trabalho, composto por sete estudos clínicos, foi avaliar e discutir alguns parâmetros relacionados à seleção do tamanho e da forma dos dentes artificiais anteriores de próteses totais em quatro diferentes grupos raciais. A amostra constituiu-se de 160 indivíduos dentados naturais entre 18 e 33 anos, de ambos os sexos, sendo 40 brancos; 40 negros 40 pardos (descendentes de brancos e negros) e 40 amarelos (japoneses e chineses). A partir de mensurações faciais, mensurações em modelos de gesso do arco superior ou análise de fotografias intra e extra-orais, os seguintes dados foram obtidos: largura individual de cada dente anterior; largura e altura do incisivo central (IC) direito; largura combinada dos seis dentes anteriores (largura em linha reta); largura em curva dos seis dentes anteriores; largura bizigomática (LB); altura da face (AF); forma do arco dentário; forma da face; forma do IC direito. Por meio da análise dos dados obtidos, métodos de seleção do tamanho dos dentes artificiais baseados em proporções antropométricas foram avaliados, assim como o relacionamento entre algumas mensurações dentárias. O tamanho dos dentes naturais foi comparado ao tamanho de dentes artificiais disponíveis no mercado. Foram também avaliados métodos utilizados para a seleção da forma dos dentes artificiais.

Os resultados obtidos em todos os estudos demonstraram que:

(1) indivíduos da raça negra apresentam dentes predominantemente maiores que indivíduos das demais raças; (2) não há evidência de correlação linear entre a LB e a largura dos seis dentes anteriores (em reta ou curva); (3) a relação entre a LB com a largura em reta e em curva dos dentes anteriores resultou em quocientes médios de 2,9 e 2,6, respectivamente. Esses quocientes poderiam ser utilizados como uma orientação inicial para a seleção da largura dos dentes anteriores, uma vez que eles levariam a erros de seleção clinicamente significantes na maioria (75%) das populações de cada raça estudada; (4) não há evidência de correlação linear entre a LB e largura do IC e entre a AF e a altura do IC; (5) as relações entre a LB e a largura do IC e entre a AF e a altura do IC resultaram em quocientes médios de 15,7 e 17,7, respectivamente. Esses quocientes poderiam ser utilizados como uma orientação inicial para a seleção do tamanho do IC; (6) existem poucos modelos de dentes artificiais cujas larguras são compatíveis com as larguras dos dentes naturais de indivíduos brasileiros, especialmente da raça negra; (7) há uma forte correlação linear entre a largura em reta e a largura em curva dos dentes anteriores, sendo possível prever individualmente uma medida a partir da outra; (8) não há relação consistente entre a forma do incisivo central e a forma da face ou do arco dentário