Desinfecção de próteses totais por micro-ondas: efeito da frequência de irradiação no tratamento da estomatite protética
Publication year: 2009
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Odontologia to obtain the academic title of Doutor. Leader: Vergani, Carlos Eduardo
A estomatite protética é uma infecção fúngica que acomete entre 60% e 72% dos indivíduos portadores de próteses removíveis, sobretudo idosos do gênero feminino. Atualmente, a desinfecção de próteses totais por meio da irradiação por micro-ondas tem sido recomendada para tratamento e prevenção da estomatite protética. Considerando esses aspectos, esse estudo in vivo avaliou a efetividade da frequência da desinfecção de próteses totais por micro-ondas (3 min/650 W) em relação à terapia antifúngica tópica para o tratamento da estomatite protética, além de verificar a prevalência de Candida nos pacientes avaliados. Para isso, foram selecionados 60 indivíduos, portadores de próteses
totais superiores e com diagnóstico clínico de estomatite protética. Esses pacientes foram aleatoriamente distribuídos em 3 grupos (n=20), de acordo com o tratamento instituído: Terapia Antifúngica Tópica (Grupo I) - utilização de nistatina (suspensão oral, 100.000 UI/mL), 4 vezes ao dia durante 15 dias; Irradiação por Micro-ondas – imersão das próteses totais em água e irradiação das próteses por micro-ondas durante 3 minutos a 650 W, 1 ou 3 vezes por semana (Grupos II e III, respectivamente) por um período de 15 dias. Para avaliação da efetividade dos tratamentos instituídos, foram realizadas culturas micológicas
quantitativas e identificação das espécies de Candida, utilizando-se o meio CHROMagar Candida, análise de microcultivo, teste de triagem em caldo hipertônico e o sistema bioquímico de identificação ID 32C. Coletas de biofilme das superfícies internas das próteses totais superiores e das mucosas palatinas de todos os pacientes, foram realizadas previamente ao tratamento (dia 0) e após 15 dias do seu início. Com o objetivo de avaliar a efetividade dos tratamentos em longo prazo, a quantificação de colônias viáveis de Candiada spp. foram repetidas após 30, 60 e 90 dias do início do tratamento. Em cada consulta (dias 0, 15, 30, 60 e 90) foi realizada ainda, uma avaliação clínica por meio de fotografias intrabucais da mucosa palatina dos indivíduos. Os resultados obtidos por meio das culturas micológicas quantitativas foram analisados estatisticamente pelos testes de
Wilcoxon e de Kruskal-Wallis (α=0,05). Os resultados das identificações bioquímicas das espécies de Candida foram interpretados por meio de uma análise qualitativa. Para as avaliações clínicas foi utilizado o índice Kappa de concordância e em seguida, a análise qualitativa duplo-cega das fotografias intrabucais. No décimo quinto dia de avaliação os tratamentos aplicados nos grupos Grupos I, II, III foram efetivos (p<0,05) para redução das células viáveis (valores de ufc/mL) de Candida spp. referentes à mucosa palatina e a superfície interna das próteses totais superiores. Enquanto, após 30, 60 e 90 dias do início
dos tratamentos os resultados demonstraram em todos os grupos avaliados (Grupos I, II, III), um aumento gradativo nos valores de ufc/mL, porém sem diferenças estatisticamente significativa entre os períodos de avaliação. A comparação entre grupos de tratamento indicou aos 90 dias, uma diferença estatisticamente significativa (p<0,05) entre o Grupo III e os demais grupos (I e II). As identificações bioquímicas revelaram que as espécies predominantes em ambos os sítios de coleta foram a C. albicans, a C. tropicalis e a C. glabrata. No término do tratamento foi verificado um aumento na frequência de C. albicans no Grupo I. Enquanto, para os Grupos II e III a frequência de C. glabrata aumentou e
a de C. tropicalis diminuiu. A avaliação das fotografias intrabucais indicou melhora nos sinais clínicos da estomatite protética no 15º dia em todos os Grupos do estudo, porém nos períodos subsequentes de avaliação áreas eritematosas tornaram-se visíveis na mucosa palatina de muitos indivíduos. A redução na frequência da desinfecção de próteses totais por micro-ondas (3 min/650 W) foi tão efetiva quanto à terapia antifúngica tópica (nistatina) para o tratamento da estomatite protética
Denture stomatitis is a fungal infection that affects 60% to 72% of individuals who use removable dentures, primarily elderly women. Currently, the disinfection of complete dentures using microwave irradiation has been recommended to treat and prevent denture stomatitis. Considering these aspects, this in vivo study evaluated the effectiveness of the frequency of complete denture disinfection using microwaves (3 min/650 W) compared to antifungal therapy for the treatment of denture stomatitis. It also verified the prevalence of Candida spp. in the evaluated patients. This study used a sample of 60 healthy individuals who use complete upper dentures and have received a clinical diagnosis of denture
stomatitis. Patients were randomly distributed into three groups (n=20), based on the treatment used: Topical Antifungal Therapy (Group I) – use of nystatin (oral suspension, 100.000 UI/mL), four times a day for 15 days; Irradiation with Microwaves – irradiation of the dentures by microwaves for three minutes at 650 W, one time or three times per week (Groups II and III, respectively) for a period of 15 days. In order to evaluate the effectiveness of the treatments used, quantitative mycological cultures were collected and the Candida species were identified using the CHROMagar Candida method, microculture analysis, screening test in hypertonic broth and the ID 32C biochemical identification
system. Biofilm samples were collected from the inner surfaces of the complete upper dentures and from the palatal mucosa of all patients before (day 0) and after 15 days of treatment. In order to evaluate the effectiveness of the treatments over the long term, the quantification of the viable Candiada spp. colonies was repeated 30, 60 and 90 days after starting the treatment. For each consultation (days 0, 15, 30, 60 and 90), a clinical evaluation was also performed through intra-oral photography of the palatal mucosa of the individuals. The results from quantitative mycological cultures were statistically analyzed using Wilcoxon and Kruskal-Wallis tests (α=0.05). Biochemical identification results for the Candida species were interpreted through qualitative analysis. The Kappa concordance
coefficient was used for the clinical evaluations, and then a qualitative doubleblind analysis was conducted on the intra-mouth photograph. On the 15th day of the evaluation, the treatments applied to Groups I, II and III were effective (p<0.05) in reducing the mycological cultures (ufc/mL values) of Candida spp. associated with the palatal mucosa and inner surface of the complete upper dentures. However, 30, 60 and 90 days after starting the treatment, all evaluated groups (GI, GII, GIII) demonstrated a gradual increase in the values of ufc/mL, although without statistically significant differences between the evaluation
periods. The comparison among treatment groups indicated no statistically significant differences (p<0.05) among groups, except between Group III and the other groups (GI and GII) at 90 days. The biochemical identifications revealed that the predominant species in both collection sites were C. albicans, C. tropicalis and C. glabrata. Furthermore, an increase in the frequency of C. albicans was found at the end of the treatment in Group I. The frequency of C. glabrata increased for Groups II and III and that of C. tropicalis decreased. The evaluation of the intra-oral photography indicated an improvement in the clinical signs of denture stomatitis on the 15th day in all study groups, although
erythematous areas became visible on the palatal mucosa of many individuals during the periods following the evaluation. Based on the results of this study, it can be concluded that, regardless the frequency of irradiation, microwave disinfection (3 min/650 W) was as effective as topic antifungal therapy for treating denture stomatitis