Estomatite protética em pacientes com Diabetes mellitus: prevalência de Candida spp. e eficiência dos tratamentos com nistatina e desinfecção de próteses por micro-ondas

Publication year: 2011
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Odontologia to obtain the academic title of Doutor. Leader: Vergani, Carlos Eduardo

Este estudo in vivo teve como objetivos avaliar:

1. a prevalência das diferentes espécies de Candida em pacientes diabéticos portadores de estomatite protética e compará-la àquela de pacientes não diabéticos com/sem estomatite protética; 2.

a eficiência de dois tratamentos para estomatite protética em pacientes diabéticos:

terapia antifúngica com nistatina e desinfecção de próteses totais por micro-ondas. Para isso, 210 pacientes usuários de prótese totais foram selecionados e distribuídos em três grupos de estudo. O grupo controle - GC foi formado por 90 pacientes não diabéticos e com mucosa oral saudável; os grupos experimentais foram formados por portadores de estomatite protética, sendo 80 pacientes não diabéticos - EPND e 40 diabéticos do tipo 2 controlados - EPD. Uma avaliação intra-oral dos pacientes dos grupos experimentais foi realizada e a aparência clínica da mucosa inflamada foi classificada de acordo com os critérios de Newton em graus I, II ou III. Coletas microbiológicas das próteses totais foram realizadas com swab estéril e plaqueadas em meio CHROMagar Candida. Em seguida, os procedimentos de identificação foram realizados: análise de microcultivo, teste de triagem fenotípica em caldo hipertônico e testes bioquímicos (ID-32C). Os resultados obtidos foram analisados por Intervalo de Confiança de Bonferroni e testes Exato de Fisher e Qui Quadrado (α=0,05). Os 40 pacientes diabéticos foram, então, submetidos ao tratamento da estomatite protética. Para isso, foram aleatoriamente distribuídos em 2 grupos (n=20): grupo NIS – tratamento com antifúngico tópico nistatina (suspensão oral - 100.000UI/mL), 4 vezes ao dia, por 14 dias; grupo MIC – tratamento por meio da irradiação das totais por micro-ondas (650W / 3 minutos), 3 vezes por semana, por 14 dias.

Dois parâmetros foram utilizados para avaliar a efetividade dos tratamentos:

microbiológico (coletas de material das próteses e das mucosas palatinas com swab estéril para quantificação de colônias viáveis – ufc/mL e identificação de Candida spp.) e clínico (tomadas fotográficas intra-orais das mucosas palatinas infectadas). Todos os pacientes foram submetidos a estes procedimentos previamente ao início dos tratamentos, ao seu final, e 30, 60 e 90 dias decorridos do seu início. Os valores de log10ufc/mL foram analisados estatisticamente por ANOVA subjacente a um modelo linear com efeitos aleatórios. A prevalência das espécies de Candida foi avaliada pelo teste Qui Quadrado. As avaliações qualitativas das fotografias intra-bucais e a análise da inflamação ao longo do tempo foram avaliadas, respectivamente, pelos testes Exato de Fisher e Mann-Whitney (α>05). Os resultados observados demonstraram que a C. albicans foi a espécie predominante em todos os grupos de estudo (p<0,016), seguida por C. tropicalis e C. glabrata (p>0,05). Não foram verificadas diferenças significantes (p>0,05) na prevalência de Candida spp. entre os grupos EPND e EPD. As prevalências de C. albicans e C. tropicalis foram significativamente superiores (p<0,01) nos grupos de pacientes com estomatite protética e a de C. tropicalis foi superior (p<0,05) nos pacientes diagnosticados com infecção grau III de Newton. Com relação aos tratamentos instituídos nos pacientes diabéticos, ambos reduziram significativamente (p<0,001) os valores de log10ufc/mL após 15 e 30 dias, não tendo sido encontradas diferenças estatisticamente significantes (p>0,05) entre os grupos de estudo. Não foram verificadas diferenças significantes (p>0,05) entre o número de pacientes curados e com recidivas, após a condução dos dois tratamentos. Com base nestes resultados, foi concluído que a prevalência de Candida spp. foi similar entre os pacientes diabéticos e não-diabéticos com estomatite protética. Apesar de a C.albicans ter sido a espécie mais frequentemente identificada em todos os pacientes avaliados, a prevalência de C. tropicalis foi superior nos pacientes com estomatite protética e naqueles com maior grau de inflamação, sugerindo que esta espécie pode estar envolvida com o início e a progressão da infecção. Além disso, a irradiação de próteses totais por micro-ondas pode ser utilizada com sucesso para tratar e prevenir o aparecimento de estomatite protética em pacientes diabéticos, apresentando a mesma efetividade de um método clássico de tratamento com antifúngico tópico

The aim of this in vivo study was to evaluate:

1. the prevalence of Candida spp. in well-controlled type 2 diabetic patients and compare it to that found in non-diabetics with/without denture stomatitis; 2.

the efficacy of two treatments of denture stomatitis in diabetic patients:

topical nystatin and denture microwave disinfection. Two hundred and ten denture wearer patients were divided into three groups of study. The control group - CG was formed by 90 individuals without diabetes or denture stomatitis and the experimental groups were formed by patients with denture stomatitis, being 80 non-diabetics - DSND and 40 well-controlled type 2 diabetics - DSD. Mucosal characteristics of denture stomatitis patients were classified in types I, II, and III, according to Newton’s criteria. Mycological samples were taken from the dentures and cultured in CHROMagar's plates. Candida spp. were identified by micro-cultivation, hypertonic Sabouraud broth, and bioMérieux ID32C assays. Results were analyzed by means of Bonferroni corrected confidence interval, Fisher’s exact test, and Chi-square analysis of several proportions (α=0.05). The 40 diabetic patients were divided into two groups (n=20) and submitted to two treatments for denture stomatitis: NYS group – patients were treated with topical nystatin, 4 times a day, for 14 days; MW group – patients had their dentures microwaved (650W / 3 minutes), 3 times per week, for 14 days. Mycological samples were taken from the palates and the tissue surface of the dentures for quantification and identification of Candida spp. and standardized photographs of the palates were taken for the clinical analysis. Microbiological and clinical evaluations were repeated at baseline, the end of treatments (day-14), and follow up (day-30, day60, day-90). Microbiological data were evaluated by ANOVA using a random effects statistical model,Tukey’s post hoc test, and Chi-square test, while clinical results were analyzed by Mann-Whitney and Fisher’s exact tests (α=0.05). According to the results, C. albicans was the most predominant species isolated in CG, DSND, and DSD groups (p<0.016), followed by C. tropicalis and C. glabrata (p>0.05). No significant differences were found in Candida spp. prevalence between DSND and DSD (p>0.05). The percentage frequencies of C. albicans and C. tropicalis in denture stomatitis groups (DSND and DSD) were significantly higher (p<0.01) than those in CG and the prevalence of C. tropicalis was significantly higher (p<0.05) in Newton’s type III patients. Both NYS and MW treatments were considered successful in reducing the clinical signs of denture stomatitis and significantly reduced the values of cfu/mL from the palates and dentures at day-14 and day-30. Forty percent of patients had no signs of denture stomatitis at the end of both treatments. No significant differences (p>0.05) in the microbiological and clinical outcomes were revealed between the two treatments. It was concluded that the prevalence of Candida spp. was similar between diabetic and non-diabetic patients with denture stomatitis. Despite C. albicans was the most commonly isolated organism, the prevalence of C. tropicalis increased in patients with denture stomatitis and in those with the highest degree of inflammation, suggesting that this species may play an important role in the progression of this infection. In addition, denture microwave disinfection was as effective as nystatin on the treatment of well-controlled type 2 diabetic patients with denture stomatitis

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