Hortas urbanas e a construção de ambientes promotores da alimentação adequada e saudável
Urban gardens and build of environments promoters of healthy eating

Publication year: 2016
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Prática de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Bógus, Claudia Maria

Introdução:

A alimentação é culturalmente e socialmente construída e é um direito humano básico, além de ser influenciada por determinantes sociais, do acesso, do ambiente e do sistema alimentar. Frequentemente, indivíduos que vivem em meios urbanos estão desconectados do ciclo de vida dos alimentos. As hortas urbanas promovem um aprendizado coletivo por meio da vivência e da experimentação e podem ser vistas como um espaço repleto de oportunidades para a prática da alimentação adequada e saudável.

Objetivos:

1) Identificar e sintetizar os estudos publicados entre 2005 e 2015 que avaliaram a influência da participação em hortas urbanas em desfechos relacionados à alimentação e nutrição entre adultos e idosos; 2) Descrever as práticas de aquisição de frutas e hortaliças de moradores de áreas periféricas da região metropolitana de São Paulo e como eles percebem o acesso a estes alimentos naqueles ambientes; e 3) Descrever as influências na alimentação decorrentes da experiência de crianças com o cultivo de alimentos em hortas escolares.

Métodos:

Tese composta por três manuscritos. No primeiro foi realizada uma revisão sistemática dos estudos publicados entre 2005 e 2015, selecionados a partir da busca em cinco bases de dados, envolvendo adultos e/ou idosos não institucionalizados participantes de hortas urbanas que apresentassem resultados na alimentação. No segundo manuscrito foram realizadas entrevistas com indivíduos residentes em regiões adstritas a quatro Unidades Básicas de Saúde de um município da região metropolitana de São Paulo. No terceiro foram realizadas entrevistas com educadores e pais de educandos de três escolas do mesmo município que possuíam hortas escolares.

Resultados:

Os estudos incluídos na revisão sistemática apontaram que das experiências com hortas urbanas foram identificados eixos temáticos relacionados à alimentação adequada e saudável como: maior consumo de frutas e hortaliças, maior acesso a alimentos saudáveis, maior reconhecimento da culinária, o compartilhamento da colheita com familiares e amigos, valorização da produção orgânica e apropriação da importância da alimentação adequada e saudável. Em relação às entrevistas com os moradores, estes destacaram o abastecimento insuficiente de frutas e hortaliças, a demanda por mais variedade destes alimentos, a insuficiência de equipamentos que comercializem maior variedade de frutas e hortaliças, a associação da alimentação adequada e saudável a preços altos e a diminuição do número de feiras livres atribuída ao surgimento dos supermercados. Já as hortas escolares trouxeram elementos para reflexão sobre o ato de se alimentar e sobre os alimentos, pelo conhecimento que o contato direto com o cultivo produziu, e provocou mudanças não apenas nas crianças, mas também nas famílias envolvidas com as atividades. Isso se refletiu em mudanças concretas na alimentação, maior conhecimento sobre os alimentos e sobre o sistema alimentar, além de uma maior valorização dos alimentos produzidos e de um estímulo maior para experimentar novos alimentos.

Conclusões:

O ambiente alimentar pode constituir um fator restritivo à prática da alimentação adequada e saudável. Neste sentido, as hortas urbanas, por meio do contato com a natureza, sensibilização para o ato de se alimentar e maior acesso às frutas e hortaliças, contribuem para a promoção da alimentação adequada e saudável

Introduction:

Eating is culturally and socially constructed and a basic human right, besides being influenced by social determinants, access, environment and food system. Often, individuals living in urban areas are disconnected from the food life cycle. Urban gardens promote a collective learning through experience and experimentation and can be seen as a place full of opportunities for adequate and healthy food practice.

Objectives:

1) To identify and to synthesise the studies published between 2005 and 2015 that evaluated the influence of participation in urban gardens on outcomes related to food and nutrition among adults and elderly people; 2) To describe the acquisition of fruits and vegetables practices by residents in socially disadvantaged areas of Sao Paulo Metropolitan Region - Brazil and how they perceive access to these foods in those environments; and 3) To describe the influences on eating resulting from children\'s experience with growing food in school gardens.

Methods:

The thesis comprises three manuscripts. In the first one we undertook a systematic review of studies published between 2005 and 2015, selected from searching in five databases, involving non-institutionalized adults and/or elderly participants of urban gardens reporting results on eating. In the second manuscript we conducted interviews with residents in four Basic Health Units\' areas in a city located in the Sao Paulo Metropolitan Region - Brazil. In the third one we conducted interviews with educators and students parents from three schools developing school gardens in the same city.

Results:

Studies included in the systematic review showed from the experiences with urban gardens we identified themes related to adequate and healthy eating: higher consumption of fruits and vegetables, increased access to healthy food, more recognition of the importance of cooking, sharing the harvest with family and friends, greater importance of organic production and greater importance of adequate and healthy eating. Regarding interviews with residents, they highlighted the insufficient supply of fruits and vegetables, demand for greater variety of these foods, lack of stores that sell greater variety of fruits and vegetables, association of adequate and healthy eating with high cost, and decrease in the number of street markets attributed to emergence of supermarkets. Concerning the school gardens, the activity brought elements to think about the act of eating and about food by itself through the knowledge created by direct contact with farming, and caused changes not only among children but also among families involved with the activities. This was reflected in concrete changes in diet, increased knowledge about food and food system, as well as greater appreciation of garden produce and a greater willingness to try new foods.

Conclusions:

Food environment can be a restrictive factor for adequate and healthy eating practice. Thus, urban gardens, through contact with nature, awareness of the the act of eating, and greater access to fruits and vegetables, contribute to adequate and healthy eating promotion

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