O enfermeiro e o paciente em hemodiálise contínua na UTI: o manejo da tecnologia na perspectiva da segurança

Publication year: 2016
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola de Enfermagem Anna Nery to obtain the academic title of Mestre. Leader: Silva, Rafael Celestino da

A hemodiálise contínua é uma terapia crescente empregada na Unidade de Terapia Intensiva, estando o enfermeiro diretamente inserido neste processo complexo, especialmente quanto ao manejo da tecnologia aplicada a este cuidado. Entretanto, questiona-se o seu saber/conhecimento para o manejo desta tecnologia e as repercussões que traz à segurança do paciente.

Os objetivos da pesquisa são:

Descrever o manejo da tecnologia de hemodiálise contínua aplicada ao cuidado do paciente na Unidade de Terapia Intensiva pelo enfermeiro; Analisar tal manejo quanto às repercussões na segurança do paciente; Discutir a segurança do cuidado de enfermagem ao paciente que utiliza tecnologia de hemodiálise contínua na Unidade de Terapia Intensiva, particularmente quanto à atuação do enfermeiro frente a tais tecnologias. Pesquisa de campo, qualitativa, de cunho exploratório, realizada com 23 enfermeiros atuantes no cuidado ao paciente que encontra-se em hemodiálise contínua na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital privado do município do Rio de Janeiro. Realizou-se entrevista a partir de um roteiro semiestruturado e observação das práticas de cuidado destes profissionais quanto ao manejo da tecnologia de hemodiálise contínua, que totalizaram 130 horas. Os dados de entrevista foram submetidos à análise de conteúdo temática e os de observação analisados a partir de sua descrição densa.

Os resultados foram organizados em três categorias:

a primeira delas abarca as diferentes atividades desempenhadas pelo enfermeiro no manejo da hemodiálise nas fases de preparo/planejamento e de monitorização/acompanhamento, as quais ocorrem a partir da interface que estabelece com a tecnologia e da aplicação de conhecimentos especializados no campo da nefrologia. Tais atividades são feitas dentro de um modelo colaborativo de nefrointensivismo em que enfermeiros da própria unidade com expertise no cuidado ao paciente submetido à hemodiálise contínua colaboram com a atuação dos enfermeiros responsáveis pelo cuidado direto a este paciente. Todavia, ambos também responsabilizam-se pelo cuidado de pacientes que não se encontram em hemodiálise no setor, acumulando outras funções assistenciais. A segunda categoria trata da qualificação dos enfermeiros para o manejo da hemodiálise contínua, demonstrando as lacunas na formação ao nível da graduação e da pós-graduação, bem como no treinamento fornecido pela instituição; além do efeito da inexperiência na atuação do enfermeiro, que produz a vivência dos sentimentos de medo e insegurança. Tais lacunas implicam no enfrentamento de dificuldades quando da necessidade de manusear a hemodiálise contínua.

Essas dificuldades se materializam durante a realização de procedimentos como:

devolução do sangue ao paciente, calibração das balanças, montagem do sistema, interpretação do significado dos alarmes, as quais geram a ocorrência de incidentes que comprometem a segurança do paciente, temática abordada na terceira categoria de análise. Em face desses resultados e à luz dos conceitos aplicados no estudo é preciso pensar nestas condições latentes que incidem na atuação profissional, para que não ocorram erros que possam comprometer a segurança do paciente crítico. Assim, recomenda-se a adoção de barreiras que favoreçam a cultura de segurança do hospital quanto ao emprego desta tecnologia, quais sejam: aperfeiçoamento do modelo de inserção dos enfermeiros inexperientes nesta assistência, com o uso da simulação na sua formação, implementação de checklists, revisão do modelo colaborativo de hemodiálise contínua e da organização do trabalho dos enfermeiros.(AU)

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