Fatores intervenientes na credibilidade das gestantes quanto às estratégias de cuidado propostas pelo pré-natal

Publication year: 2010
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social to obtain the academic title of Mestre. Leader: Caetano, Rosângela

Trata-se de um estudo desenvolvido com base em metodologia qualitativa onde se buscou investigar, a partir da percepção das gestantes, os fatores intervenientes — da comunidade, dos serviços e os relacionados aos profissionais — capazes de impactar a plena efetividade do acompanhamento pré-natal. O estudo se desenvolveu a partir de entrevistas semi-estruturadas, com oito gestantes em acompanhamento pré-natal, em duas unidades de saúde públicas do município de Mesquita; uma com modelo de atenção à saúde tradicional e outra, seguindo o modelo proposto pela Estratégia de Saúde da Família. Foi realizada a análise do conteúdo das entrevistas pela técnica sugerida por Bardin (2008), identificando-se quatro categorias temáticas principais: as três primeiras, relacionadas às percepções das gestantes —orientações, acesso e acolhimento — e a quarta, relacionada aos aspectos culturais identificados, onde se destaca o uso indiscriminado de um procedimento diagnóstico específico, a ultrassonografia obstétrica. Foram identificadas deficiências nas orientações específicas deste período, como cuidados com a alimentação, com as mamas, incentivo ao aleitamento materno, preparação para o parto e outros. A ausência de grupos de gestantes e outras atividades educativas também foram sinalizadas. Dificuldades no acesso às informações, consultas, exames e medicamentos específicos da gravidez foram discutidas por estas mulheres. Foi marcante a queixa de falta de acesso e referência para o parto. Problemas no acolhimento à gestante e o desrespeito apresentado por alguns profissionais de saúde nas unidades pesquisadas, foram identificados como tendo contribuído negativamente para a efetividade do cuidado pré-natal. A questão da ultrassonografia se apresentou como uma prática comum, corriqueira, para o diagnóstico da gravidez e acompanhamento da gestação, prescindindo inclusive, de solicitação médica. Embora não exista, até o momento, contra-indicação formal, tanto o Ministério da Saúde como as sociedades profissionais da área recomendam parcimônia no seu uso, contra-indicando sua utilização fora da indicação estritamente médica. Pode-se concluir que, na perspectiva das gestantes, dentre os fatores a serem trabalhados para a melhoria da credibilidade no cuidado pré-natal, destacam-se o acolhimento e o estabelecimento de vínculo entre os profissionais e as gestantes, pois, a partir daí, toda a linha de cuidado poderia ser construída em conjunto, minimizando os problemas encontrados e redirecionando, caso necessário, algumas condutas no sentido da sua maior efetividade

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